Cerca de 300 lideranças participam do II Aty Guasu Avá-Guarani, que acontece em Guaíra (PR) entre 7 e 12 de agosto. A convite do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o articulador da Rede Jubileu Sul/Américas para o Cone Sul, Francisco Vladimir, participa da Assembleia.

Por Tatiane Klein, da Comissão Guarani Yvirupa

A região Oeste do Paraná é palco, nesta semana, de uma das mais importantes mobilizações do povo Avá-Guarani. Trata-se da segunda edição da Aty Guasu, grande assembleia, dos Avá-Guarani, que deve reunir cerca de 300 lideranças no tekoha Jevy, na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, em Guaíra (PR).

Para além da participação de representantes das 24 aldeias da região Oeste do Paraná, entre os dias 7 e 12 de agosto de 2022 é esperada a presença de delegações guarani vindas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraguai, Argentina e de outras regiões do próprio Paraná.

Iniciada por falas dos anciãos avá-guarani – chamados em guarani de ñaneramõikuera –, a programação é marcada por momentos de diálogo entre as lideranças e de cantos-rezas coletivos, tendo como pauta prioritária a luta pela demarcação de suas terras, contra o avanço do agronegócio de soja e megaempreendimentos que os afetam.

Com uma população de mais de 8 mil indígenas, a região Oeste do Paraná é marcada por um contexto de graves violações de direitos humanos contra os Avá-Guarani, revelado pela Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) em um relatório de 2017.

“Com uma população de mais de 8 mil indígenas, a região Oeste do Paraná é marcada por um contexto de graves violações de direitos humanos contra os Avá-Guarani”

Seu Eduardo, da Ti Pirajuí (MS), discursa junto a outros rezadores avá-guarani durante II Aty Guasu no Oeste do Paraná / Foto: Tatiane Klein

A paralisação dos processos de reconhecimento das Terras Indígenas (TIs) Tekoha Guasu Guavira e Tekoha Guasu Oko’y Jakutinga é um agravante dessa situação – assim como a ausência de reparação às comunidades pelos impactos sofridos com a construção da Usina Hidrelétrica Itaipu, nos anos 1970. “Devolvam o que é nosso para que possamos voltar a viver nossa cultura guarani” é o que pedem as lideranças, em seu chamado para o evento.

Realizada pela CGY, que representa as comunidades guarani no Sul e Sudeste do Brasil, a assembleia é também um espaço de articulação com outras organizações indígenas de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) – como a Aty Guasu, grande assembleia do povo Guarani Kaiowá, e a Articulação dos Povos Indígenas no Sul do Brasil (Arpinsul).

O evento conta ainda com o apoio de parceiros, como Fundação Luterana de Diaconia – Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD – CAPA), Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Rede de Apoio e Incentivo Socioambiental (RAIS).

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