Convidamos você a somar o apoio da sua organização aqui: bit.ly/RechazamosInvasionHaiti

Os Comitês de Solidariedade ao Haiti e outras organizações populares abaixo assinadas, de toda a América Latina e do Caribe, rechaçam indignados a decisão do Conselho de Segurança da Nações Unidas – ONU de autorizar o envio de uma força de invasão armada multinacional ao Haiti, supostamente para apoiar o governo ditatorial daquele país no combate às gangues paramilitares e organizar eleições. Não será uma missão oficial da ONU, mas sim uma missão organizada diretamente pelos EUA, que, juntamente com o Equador, apresentaram a resolução aprovada hoje no primeiro dia da presidência do Brasil no Conselho, com 13 votos a favor e a abstenção da Rússia e China.

Alarmados, perguntamos: no que se tornou a ONU? Denunciamos o carácter imperialista, racista e genocida desta “autorização” ilegal para invadir um país soberano para controlar o seu povo, e repudiamos a retórica de “solidariedade” e “apoio ao povo do Haiti” com a qual procura camuflar intenções macabras. 

Não é a “solidariedade” com o povo do Haiti responder ao pedido inconstitucional formulado por um governo ditatorial, colocado no seu lugar e mantido pela mesma “comunidade internacional” que agora redobra o seu apoio contrariamente às reivindicações legítimas de uma vasta gama dos direitos sociais, políticos e humanitários do Haiti, ignorando mais uma vez a soberania e a autodeterminação do povo haitiano com as suas exigências e propostas para resolver esta crise gerada pela mesma intervenção estrangeira de longa data.

Não é “apoio” continuar ignorando o povo do Haiti, ignorando as suas queixas que vinculam Ariel Henry, o atual governo de fato e os seus “protectores internacionais” liderados pelos Estados Unidos, à proliferação dos bandos armados que aqueles mesmos atores procuram controlar através desta nova invasão. As gangues paramilitares foram criadas pelos governos de Michel Martelli, Jovenel Moïse e Ariel Henry, pela oligarquia haitiana e pelos Estados Unidos, de onde vêm as armas e munições. Estão politicamente instrumentalizados para controlar o grande movimento popular que se desenvolveu nos últimos anos no Haiti –  um movimento nacionalista, anti-oligárquico, anti-imperialista, anti-ocupação, que luta para viver em liberdade, pela recuperação da sua soberania e pelo respeito de todos os seus direitos.

Denunciamos os EUA e a ONU, que se tornaram um instrumento direto de agressão e dominação por parte dos EUA e da União Europeia. Por meio da ONU, os EUA impõem a sua agenda. O Haiti está sob ocupação da ONU desde 2004, ocupado militarmente pela MINUSTAH durante 13 anos, depois pelas forças policiais -MINUJUSTH-, hoje por uma missão política chamada BINUH, que juntamente com o chamado “Core Group” (Grupo Central) dá apoio às diretivas políticas e econômicas no Haiti. Este grupo inclui os EUA, França, Espanha, Brasil, Alemanha, Canadá, União Europeia, bem como representantes da ONU e da Organização dos Estados Americanos – OEA.

Além da própria invasão, a MINUSTAH tem sido responsável por massacres, fraude eleitoral, pilhagem de recursos, abuso sexual e abandono de crianças, introdução da epidemia de cólera e outros acontecimentos de gravidade semelhante. Nem a ONU nem nenhum dos países participantes assumiram qualquer reparação pelas mais de 30.000 mortes ou outros danos e vítimas.

Repudiamos esses crimes e o fato de que, em vez de sancionar os responsáveis ​​e garantir a reparação dos crimes cometidos sob o seu comando, a ONU entrega diretamente a organização e o controle desta nova invasão aos Estados Unidos, que procura impor, após eleições controladas, um novo governo de seus asseclas. A agenda prevê então a reforma da Constituição e a consolidação do poder autocrático para continuar a pilhagem do Haiti e a subjugação do seu povo.

O povo haitiano, através das suas organizações sociais, políticas e humanitárias, expressou-se claramente contra qualquer ocupação e contra quaisquer eleições controladas sob ocupação. Reiteramos a nossa solidariedade e apelamos um amplo apoio às suas exigências de formação de uma Comissão internacional independente para avaliar o impacto das intervenções anteriores, bem como o respeito pelos acordos de Montana e outras exigências do povo haitiano.

BASTA DO GENOCÍDIO SILENCIOSO CONTRA O POVO REBELDE DO HAITI!

FORA A OCUPAÇÃO DA ONU E DOS EUA através do QUÊNIA!

NENHUMA INVASÃO ARMADA!

SOBERANIA PARA O GOVERNO DE TRANSIÇÃO HAITIANO EXIGIDO PELAS ORGANIZAÇÕES POPULARES HAITIANAS

América Latina e Caribe, 2 de outubro de 2023.

Assine o apoio da sua organização aqui:
https://bit.ly/RechazamosInvasionHaiti

PRIMEIRAS ASSINATURAS

Coordinadora uruguaya por el retiro de las tropas de Haití y en defensa de su Soberanía
Comité Argentino de Solidaridad por el fin de la Ocupación de Haití
Jubileo Sur/Américas
Solidaridad Dominicana con el Pueblo Haitiano -CDPG-
Diálogo 2000 – Jubileo Sur Argentina
Corriente Social y Política Marabunta, Argentina
Opinión Socialista, Argentina
RACDES Red de ambientalistas comunitarios de El Salvador
ACONAPAMG Asociación coordinadora nacional de pobladores de áreas marginadas de Guatemala
Comuna Caribe de Puerto Rico
Emancipacion Sur, Argentina
Matamba lbtiq, Argentina
Movimiento Afrocultural, Argentina 
Comunidad Organizada TLGBIQ+ “MOSHIKAS DIVERSAS”, Perú
Asociacion de Educadores de Latinoamerica y el Caribe
JAIR KRISCHKE, presidente Movimento de Justiça e Direitos Humanos – Brasil
Caribbean Movement for Peace and Integration, Barbados
Movimiento Rebelde, MR-RD
Comité Dominicano de Derechos Humanos -CDDH-
Agenda Solidaridad, RD
Acción Afro-Dominicana
Movimiento Caamañista -MC- , RD

Publicado originalmente em Haití Libre y Soberana, com tradução do Jubileu Sul Brasil

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