Por Isabela Vieira – Jubileu Sul Brasil*

A Rede Jubileu Sul Brasil (JSB) realizou visita a comunidades de Fortaleza (CE), entre os dias 24 a 26 de maio, dando início ao primeiro de uma série de encontros locais nos territórios onde a Rede JSB desenvolve ações em todas as regiões do país. O encontro aconteceu em aliança com o Movimento de Conselhos Populares (MCP), e com o Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, organizações membro da Rede.

Roda de conversa na Comunidade Raízes da Praia. Fotos: Francisco Vladimir/Jubileu Sul Brasil

No último dia 25 de maio, foi realizada uma roda de conversa na Comunidade Raízes da Praia, no âmbito da Ação “Mulheres por reparação das dívidas sociais”. O encontro propôs uma discussão sobre a Cartilha 6: Orçamento, dívida e a vida das mulheres, com mediação da economista e educadora popular Sandra Quintela, articuladora nacional da Rede JSB, e da advogada feminista Magnólia Said, do Esplar. A roda de conversa também teve a participação de moradoras da Comunidade da Bênção, que fica próxima à Raízes da Praia.

Ao longo do encontro, foi proposto que as participantes se dividissem em dois grupos. Cada um deles leu uma parte da cartilha, discutindo o que é orçamento, dívida e o que é mercado financeiro, relacionando os temas com a rotina cotidiana das mulheres.

Os temas abordados geralmente não chegam até as mulheres das comunidades, apesar de a preocupação com o orçamento estar muito presente no dia a dia delas. Durante a roda de conversa, além de explicar e aprofundar os temas da cartilha 6, as mediadoras também pontuaram como o orçamento público impacta diretamente na vida das participantes e a relação entre o aumento da dívida pública com o aumento da dívida social.

Ao final da conversa, as mulheres relacionaram o orçamento e a dívida pública com a falta de estrutura nas escolas, postos de saúde, comunidades e qual o papel do governo, que não enxerga essas necessidades, na luta contra as dívidas sociais. Além disso, também tiveram a oportunidade de partilhar percepções sobre o tema e o papel dos encontros desenvolvidos pela Ação Mulheres para o desenvolvimento do pensamento crítico das participantes.

Sandra Quintela trouxe alguns detalhes sobre a organização da Ação. “As nossas visitas aos grupos em Fortaleza tiveram caráter de formação para dentro e para fora. Nós fizemos duas reuniões ampliadas com a equipe técnica, com o objetivo de avaliar, planejar e definir a perspectiva e aprofundamento da Ação, pensando que esse ano temos grandes desafios e vamos atuar de maneira mais orgânica” conta a economista.

A visita terminou na noite da sexta-feira (26), com o debate “O sistema financeiro e a política econômica do governo Lula”, com Sandra Quintela e o economista Aécio Oliveira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), que discutiram, entre outros, os impactos do novo arcabouço fiscal, que vai afetar os investimentos nas políticas públicas e outras medidas de reconstrução do país.

Além dos rumos da política econômica atual, a reunião foi também um encontro de articulação por um Plebiscito Popular, que visa estimular o questionamento popular, ético, legal e social sobre medidas e reformas implementadas, desde o golpe de 2016, pelos governos Temer e Bolsonaro – a exemplo das “reformas” da Previdência e trabalhista, que tanto prejudicaram a população. A iniciativa da mobilização pelo plebiscito engaja a Rede JSB, o Grito dos/das Excluídos/as e a 6ª Semana Social Brasileira.

Para Francisco Vladimir, articulador do Cone Sul na Rede JSB, visitas como essa, que reúnem não só as comunidades, mas também organizações locais e nacionais, são extremamente relevantes dentro do cenário atual. “É importante porque fortalece também a ideia de conjunto, de rede, como um espaço importante para dar visibilidade às lutas das comunidades. Momentos como esse vêm para fortalecer e firmar essa filiação entre um movimento local com uma rede nacional “, afirma.

As iniciativas da Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais contam com apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program). Também integram o processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul Brasil e das suas organizações membro, contando ainda com apoios da Cafod, DKA, e cofinanciamento da União Europeia.

*Com supervisão de Flaviana Serafim

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