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No cenário político foi dada a largada para as eleições de 2024, no chão da vida real a violência está na rua de casa e paralisa atividades do cotidiano como ir ao trabalho ou frequentar a escola. Por outro lado, a luta pela sobrevivência dificulta uma organização popular mais estruturada e capaz de promover as mudanças necessárias no campo político, econômico ou social.

As chacinas das últimas semanas no Guarujá (SP), com 16 mortes, na Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro (RJ), com 10 mortes, reforçam as evidências: “nenhum preto é confundido com um bandido, todo preto brasileiro é tratado como bandido”. O genocídio negro segue em curso tanto em governos politicamente alinhados com a extrema direita, quanto em governos alinhados com a esquerda. Na Bahia, no período de uma semana — 28 de julho e 4 de agosto —, ações da Polícia Militar resultaram em 30 mortes.

Além das juventudes pretas, as mulheres seguem sendo as principais vítimas quando o assunto é violência. De acordo com dados de 2022 do Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública, 1.437 casos de feminicídio foram registrados, um aumento de 6,1% com relação ao ano anterior. As tentativas de feminicídio também aumentaram 9,3%, os dados revelam o registro de 7.660 casos.

A violência explícita que vemos, nada mais é que o termômetro que mede de forma fiel a proporção da ausência de políticas públicas integrativas no país. Por que os gestores públicos não implementam com mais amplitude as contribuições das organizações sociais e populares, os aprendizados vindos das universidades, de cientistas sociais, que podem contribuir e tornar possível a superação das desigualdades sociais? Sem percorrer esse caminho não será possível sair do espiral de violências.

A sociedade civil não pode ser cúmplice desse genocídio! Como ultrapassar a batalha pela sobrevivência e organizar a luta por direitos humanos e segurança pública? Até quando vamos tolerar mortes violentas e prematuras da população jovem, pobre e preta?

A corrida para as prefeituras em 2024 já assanham os bastidores da política local nas grandes e pequenas cidades do país, mobilizam as bases partidárias e as organizações populares. Como vamos percorrer o caminho para esse pleito? Quem são as lideranças que estão a caminho do executivo nas prefeituras e câmaras municipais? Quais são as pautas prioritárias no âmbito das cidades e sua relação com o Governo Federal, ou seja, o debate programático? Como vamos oferecer possibilidades de vida para crianças e jovens? Como vamos pensar o caminho da igualdade de gênero e superação da violência contra as mulheres? Em grande parte, o trabalho de base está nas mãos dos movimentos sociais e populares, sindicatos, associações de bairros, vamos à luta!

Enquanto tivermos uma política econômica exclusivamente comprometida com a defesa dos princípios do neoliberalismo teremos o aumento da desigualdade social, o desemprego, o estímulo à formação profissionalizante que reserva para as pessoas pobres funções com baixos salários e competições desleais. Por outro lado, diante da crise social instalada a resposta dos governos instituídos que se repete e cresce, especialmente nos estados, é a violência policial, a repressão e hostilidade com a população em situação de rua e a criminalização de lideranças populares, defensores e defensoras de direitos humanos.

Apesar do cenário desafiador é preciso olhar para frente com esperança, caminhar com otimismo na realização das ações transformadoras que nascem na organização popular. No próximo dia 7 de setembro temos um compromisso coletivo nas ruas e também diante da opinião pública que pauta o grande círculo de debates nas redes sociais.

Ocupar espaços em vista do projeto popular para a gestão das cidades e em vista das eleições 2024 é tarefa nossa, na defesa da superação das desigualdades e denunciar o oportunismo político que gera violências e aprofunda problemas históricos em nosso país como o racismo estrutural e a violência de gênero em todos os lugares, inclusive na política. Avançar na discursão programática para além de nomes.

O 29º Grito dos Excluídos e Excluídas nos provoca a responder: “Você tem fome e sede de quê?”. Vamos organizar as mobilizações nas ruas de cada canto do país e fazer valer a democracia participativa denunciando os desvios que impedem a concretização da vida digna para todas as pessoas e aprofundam as desigualdades que geram exclusão, violência e dívidas sociais que precisam de reparação.

Não devemos, não pagamos!

Somos os povos, os credores!

Rede Jubileu Sul Brasil, 09 de agosto de 2023.

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