Jubileu Sul/Américas pautou a luta contra o sistema de endividamento sobre os países do Sul global como um dos eixos prioritários da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo. Reunião da coordenação, realizada nos dias 15 e 16 de março, também expressou preocupação com as eleições presidenciais e a necessidade de diálogo com os governos progressistas da América Latina e Caribe.
Por Flaviana Serafim – Jubileu Sul Brasil
A Rede Jubileu Sul/Américas participou nos dias 15 e 16 de março da reunião de coordenação da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, realizada na cidade de São Paulo, com participantes de diversos países presencialmente e também de forma virtual.
Além da análise de conjuntura para compartilhar as realidades enfrentadas nos territórios onde as organizações da Jornada atuam, entre outras questões o encontro debateu o que significa defender a democracia e combater o fascismo neste cenário que é parcialmente diferente do de anos anteriores, e também a visão das organizações sobre os eixos de articulação para integração regional no contexto da nova esquerda.
Representando o Jubileu Sul/Américas participaram Martha Flores, secretária geral da Rede e coordenadora da Associação de Educação para o Desenvolvimento Intipachamama, da Nicarágua, e também Francisco Vladimir, articulador do Cone Sul no Jubileu Sul/Américas.
“Foi um momento de troca de experiência, de reflexão teórica e também política do que vivemos em nossos países, com uma participação muito ativa. Colocamos a questão da dívida como um dos eixos centrais, prioritários da Jornada Continental. O sistema da dívida imposto aos países do Sul global perpassa todos os setores da nossa vida e está cada vez mais sendo gerada para endividar os povos da América Latina e Caribe. O tema da militarização também foi muito abordado, principalmente o caso do Haiti e de Honduras”, relata Vladimir.
O articulador explica que o Jubileu Sul/Américas levou a agenda da organização embasada nos eixos de atuação da Rede e “com todo o trabalho que realizamos com as lutadoras e lutadores que defendem os direitos humanos em seus territórios. Também falamos sobre a Conferência de Soberania Financeira, que começamos a preparar em 2019, num processo muito rico com a participação das articuladoras e articuladores regionais e com os membros da Rede que formam o grupo de trabalho (GT) da dívida”.
A conferência está programada para o segundo semestre de 2022 e será “um momento de reflexão, de debate, de questionar o sistema financeiro que só visa o lucro alimentando o capitalismo na forma como está”, afirma Vladimir. Para a realização da atividade, a Rede criou um GT para elaborar o documento teórico e político da conferência, a partir do qual o objetivo é influenciar na questão da integração latino-americana e caribenha, buscando diálogo diretamente com os governos da região.
“A Jornada representa um espaço de ação que vem crescendo e se consolidando com o passar do tempo, com a atuação e a aposta coletiva das organizações que desde 2015 assumiram o compromisso de caminhar juntas, e de outras que vieram somar. Os impactos da pandemia impuseram desafios significativos em nossa região. Assim, a Jornada Continental tem significado um campo de ação relevante nas lutas, para retomar forças, aprender juntos e para avançar na luta contra a dívida”, destaca a coordenadora da Rede, Martha Flores.
Cenário político
As análises realizadas ao longo da reunião apontaram para os problemas vivenciados no nível nacional e internacional, pontuando a necessidade de mais diálogo com os governos progressistas da América Latina e Caribe.
Os participantes também expressaram preocupação com as eleições que ocorrem em maio na Colômbia porque “como em todas as regiões, a direita tem suas armadilhas e artimanhas”, ressalta o articulador do Cone Sul. No caso da Colômbia e do Brasil, a Jornada Continental propôs uma comissão de observadores para acompanhar as eleições.
Além do Jubileu Sul/Américas participaram do encontro, entre outros, representantes da ALBA – Articulação Continental de Movimentos Sociais e Populares; da ATALC – Amigos da Terra América Latina e Caribe; da CSA – Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas, da CLOC – Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo e da Marcha Mundial de Mulheres.