A reunião anual das Assembleias de Governadores do BID e do BID Invest acontece virtualmente deste 17 de março até o próximo dia 21, reunindo ministros, presidentes de bancos centrais, autoridades dos países membros, bancos privados e instituições financeiras multilaterais. Com os países enfrentando o segundo ano de pandemia, o que se vê é uma maior investida e pressão imperialista sobre os territórios, e não por acaso o atual presidente do BID é, pela primeira vez, um estadunidense, Mauricio Claver-Carone, assessor de Donald Trump para a América Latina e eleito em setembro passado ao banco.

Pode parecer algo distante, mas na verdade as decisões macroeconômicas do encontro interferem diretamente na nossa vida, como o orçamento para a saúde e educação em nossos países. Na prática, o que está em jogo não é alocação de recursos, mas decisões de um modelo que responde à agenda de privatização e de precarização das condições de vida da população.

Para a Rede Jubileu Sul/Américas, o que também está em jogo, agora mais do que nunca para o pós-pandemia, é o conceito de desenvolvimento, esse que é ligado ao acúmulo de lucro, à financeirização, aos projetos extrativistas com capital do BID e a falsa promessa de “bem” que traz inúmeros prejuízos, violações de direitos das comunidades e da natureza.

Aumentaram os empréstimos em nome da pandemia, e a crise sociossanitária é agravada por outra mais profunda, que na visão da Rede é a crise do modelo de produção de acumulação heteropatriarcal, capitalista e extrativista, na busca por se reinventar. Por isso, o Jubileu Sul/Américas alerta para as “soluções” da crise porque o objetivo do BID é sempre a busca de poder sobre nossos Estados perpetuando os processos de endividamento.

Na visão da Rede, é preciso compreender que não se trata de um banco como tal, mas de um grupo corporativo com um poder institucionalizado historicamente na região da América Latina e Caribe, que atua interconectado com as diferentes esferas dos setores público e privado, com interlocução nas muitas instâncias de toda a região. Não é apenas financiamento ou finanças públicas, mas um poder corporativo, político, econômico, financeiro e ideológico, estrutural e organizado, que é supra estadual e supranacional.

Qualquer que seja o cenário, prevalece o conluio do capital das instituições financeiras para que os povos continuem prisioneiros, vítimas de dívidas que os Estados contraem sem consultar a população, numa armadilha arquitetada para continuarmos pagando dívidas ilegítimas e imorais não apenas financeiras, mas também a perpetuação de dívidas sociais e ecológicas.

A vida acima da dívida e do lucro!
Somos os povos, os credorxs!

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