Objetivo é avaliar a atuação da Rede formada por 27 organizações membro, refletir sobre o momento atual do Brasil, traçar estratégias a partir dos eixos prioritários e planejar iniciativas coletivas. A reunião acontece em Brasília de 18 a 21 de março.

Rede Jubileu Sul Brasil reunida em 2022. Foto: Flaviana Serafim/JSB

Por Redação | JSB

A Rede Jubileu Sul Brasil vai reunir representantes das 27 organizações membro de 18 a 21 de março, em Brasília (DF). “A reunião da coordenação é um espaço político importante, ela tem o objetivo de avaliar, rever e repensar o Plano de Ação, inclusive com esse novo cenário político democrático no país. A Rede tem feito reuniões mensais de forma virtual, mas essa reunião presencial tem um cunho ainda mais forte, no sentido da gente se propor a trabalhar de forma articulada na defesa da democracia, dentro desse novo marco que estamos vivendo, até mesmo para levar as nossas pautas ao conhecimento do governo federal”, destaca Rosilene Wansetto, secretária executiva da Rede Jubileu Sul Brasil.

Na programação da reunião estão previstos encontros com representantes de ministérios. O objetivo é apresentar as principais pautas que marcam as lutas cotidianas da Rede a partir dos territórios, especialmente das mulheres, principais vítimas das consequências geradas pelas escolhas político-econômicas que fortalecem o sistema da dívida pública e retiram direitos básicos da população. 

Atualmente a Rede prioriza iniciativas a partir de cinco eixos. “Um dos eixos centrais é o tema da Dívida que perpassa dívidas sociais, dívida financeira, histórica, socioecológica; um segundo eixo é Mulheres e Território, pois entendemos que, dentro da macro política, as mulheres são as mais impactadas. Outro eixo é a Comunicação, estimulando especialmente jovens e mulheres a se envolverem nos processos de comunicação popular, e ainda os eixos Fortalecimento Institucional, com o objetivo de fortalecer as organizações membro da Rede, e a Articulação e Mobilização Social. A partir desses eixos, e com os debates que vamos fazer, podem nascer outras propostas de ações, uma vez que essa reunião está dentro de um marco histórico de luta, de resistência e mais: de reconstrução do país”, explica Rosilene.

Programação

A programação para os quatro dias de reunião contempla também uma manhã de análise da conjuntura com o tema “Cenários e desafios na reconstrução do Brasil que queremos: como seguirmos nas lutas em defesa da democracia e por reparações necessárias e urgentes?”. As convidadas para este momento são Virgínia Fontes, filósofa e historiadora com atuação em áreas como teoria e filosofia da história, história do Brasil República e história contemporânea, e Romi Bencke, teóloga e pastora luterana, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

“Além da análise de conjuntura, que é um espaço super importante onde balizamos nossa ação, vamos ter uma revisão do nosso Plano de Ação a partir das organizações membro, já que a Rede existe como um espaço de articulação. Outro momento importante será o nosso olhar para a mobilização social. Quais são as lutas que as organizações vão propor para este período? Como podemos nos somar, fortalecer as lutas também do conjunto dos movimentos sociais e populares no Brasil, e um outro destaque importante será a apresentação da nossa agenda para alguns ministérios. A Rede tem como centralidade o tema das dívidas e pretendemos fazer esses diálogos com representantes do poder público apresentando um documento com essa agenda de propostas e urgências que foi elaborado pelo Jubileu Sul e está sendo atualizado, tendo em vista especialmente o trabalho com as mulheres e a identificação de uma série de questões, como o crescimento da violência, a ausência de políticas públicas, o déficit habitacional. Entendemos que será um momento importante para fazermos proposições no rumo da reconstrução da democracia no Brasil”, completa a secretária executiva. 

Sobre a Rede

A Rede Jubileu Sul Brasil nasceu dentro do marco da Campanha Jubileu 2000 contra a dívida externa, um movimento organizado no mundo todo e que pedia o perdão das dívidas dos países mais empobrecidos. No Brasil, a contribuição veio através da 3ª Semana Social Brasileira, levada adiante pelas Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esse processo resultou num plebiscito popular sobre o endividamento e auditoria da dívida no ano 2000. Desde então, vem num processo de consolidação reunindo diversas entidades, movimentos sociais e populares, militantes e organizações com atuação em diversas frentes de luta.

Com o passar dos anos e a construção do debate com um olhar no processo histórico, o tema da dívida passou a ser considerado também a partir de outros contextos, como a questão das dívidas sociais, com mulheres, povos originários e tradicionais, com a natureza, com todas as pessoas empobrecidas, além das novas formas de colonização dos territórios, criando outras formas de dominação geradas pelo sistema da dívida, na qual Estado, bancos e demais instituições financeiras ditam os rumos da vida da população cada vez mais vulnerabilizada.

Ouça a reportagem veiculada no Jornal Brasil Hoje (RCR)

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