Nesta quarta-feira, 25, o Pacs lança a primeira edição do boletim Rio de gastos 2016, que vem a público a cerca de 500 dias do início das Olimpíadas com o objetivo de acompanhar os investimentos públicos, o orçamento e os impactos do megaevento na vida das pessoas. Desde a realização dos jogos Pan Americanos em 2007, o Pacs vem acompanhando e denunciando os processos de especulação imobiliária e o financiamento público de negócios de interesse iminentemente privado.

“Sabemos que os megaeventos assim como os megaempreendimentos são ferramentas ou desculpas para a imposição de um modelo de desenvolvimento das cidades que vem beneficiar a especulação imobiliária e privatizar ainda mais a vida. Por isso nos engajamos nos processos de resistência das populações em defesa do direito à cidade”, declara Sandra Quintela, economista e coordenadora do Pacs.

Segundo Miguel Borba, mestre em Relações Internacionais e também integrante do Instituto, os investimentos no Rio têm se voltado principalmente para a região da Zona Oeste, causando um processo acelerado de mudança na paisagem e no modo de vida da Barra e Jacarepaguá, onde se concentram a maior parte das obras. Uma dessas transformações na região ocorrerá caso seja aprovado o projeto de lei 807/2010, que transforma áreas como Curicica, Vila Autódromo, Parque Olímpico, Riocentro e Vila do Pan em um novo bairro: a Barra Olímpica. “Essa alteração vem para atender interesses de especulação imobiliária, valorizando os imóveis da região. No entanto, muitos moradores e moradoras criticam tal projeto, por apagar uma memória cultural e história de resistência, já que a área abarca comunidades remanescentes de quilombolas, áreas de agricultura familiar e de pescadores”, ressalta.

Julia Bustamante, graduanda em Economia, integrante do Comitê Popular Copa e Olimpíadas e do Pacs, aponta que o argumento defendido pelo prefeito Eduardo Paes de que o maior investimento para os jogos tem sido feito pela inciativa privada precisa ser debatido com mais profundidade. As chamadas Parcerias Públicos Privados (PPP), por exemplo, são assentadas em acordos que tendem a garantir  benefícios às empresas como a valorização das áreas de especulação imobiliária. Além disso, no caso dos investimentos não serem rentáveis, o Estado é o responsável em cobrir os gastos.

“O Estado age como uma espécie de fiador. Um dos exemplos de PPP é o empreendimento Ilha Pura, que abriga a Vila dos Atletas.  A Vila vai abrigar num primeiro momento os atletas dos Jogos 2016 e depois pessoas que estiverem dispostas a investir em torno de 10 mil reais por metro quadrado. Os apartamentos já estão sendo comercializado, numa área cujo valor do metro quadrado foi enormemente aumentado devido a aportes em infraestrutura e mobilidade realizados pelo Estado no entorno, como a Transcarioca e Transolímpica. Além disso as construtoras também tiveram acesso a financiamento mais barato”, destaca.

O boletim conta com o apoio de DKA –Hilfswerk der Katholischen Jungscha e Heinrich Boell Foundation e terá periodicidade bimensal. A publicação ficará disponível online e impressa.
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Fonte: Comunicação Pacs

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