Por Cláudia Pereira| Rede Jubileu Sul

A iniciativa potencializa o ecoar das vozes femininas na luta por moradia e busca      respostas para os desafios  cotidianos nessa trajetória.

“Aqui em Fortaleza, com a formação do Sinergia Popular, nos proporcionou a construção de redes entre as comunidades. Este é um dos nossos objetivos, buscar alternativas para fazer mudanças. Estamos fortalecendo a nossa caminhada de luta ao partilhar as experiências”, afirmou Bete Silva que participou do encontro nacional na última terça-feira (17).

O Sinergia Popular tem sido referência nos territórios de Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Rio de Janeiro (RJ). Fortalecendo os movimentos que resistem e lutam pelo direito à moradia adequada e à cidade, essas ações têm empoderado mulheres que lutam diariamente por uma vida digna.  Essa foi uma das avaliações do encontro virtual que reuniu mais de 40 pessoas dos comitês locais, com representantes dos três estados.  Outro ponto positivo destacado pelo grupo é a reafirmação dos comitês, a retomada dos fóruns locais de algumas cidades, maior aproximação dos movimentos de moradias e a suspensão de uma remoção.

Mesmo com as restrições em razão da pandemia para realizar as atividades presenciais de formação, as comunidades desafiaram as limitações tecnológicas de acesso à internet para aprender mais sobre o direito à habitação social. A participação foi       efetiva, o que possibilitou o processo de formação que é realizado de forma híbrida. As comunidades perceberam a importância de atualizar o conhecimento e compreenderam que a comunicação é ferramenta necessária para dar visibilidade e avançar nos processos de luta dos territórios. As atividades locais realizadas presencialmente possuem estrutura com equipamentos em cada comunidade dos três territórios e seguem o protocolo de saúde da Covid-19, usando EPIs e respeitando o distanciamento.

As ações do Sinergia Popular que estão sendo realizadas em 10 territórios entre as regiões norte, nordeste e sudeste do país, têm despertado interesse nos jovens das comunidades que acompanham os processos de luta por moradia. Os conhecimentos adquiridos em três meses já estão sendo colocados em prática. Mulheres têm realizado intercâmbio com outros territórios com a finalidade de crescerem enquanto comunidades organizadas e compartilham ideias que ajudam na mobilização e sustentabilidade socioeconômicas.

Para Nancy Aguiar, do Rio de Janeiro, as ações do Sinergia têm sido muito importantes para a comunidade, mulheres que desconheciam os tipos de violações de direitos, a exemplo da violência patrimonial, agora buscam mais conhecimentos e perceberam que não estão sozinhas na luta.  Para Ângela Maria, da Zona Portuária do Rio, as cartilhas têm sido uma excelente ferramenta. Ela  destacou a última edição que aborda o tema da regularização fundiária.

“O Sinergia tem dado uma contribuição bastante relevante para as comunidades do Rio de Janeiro. A nossa comunidade não é só uma ocupação, é um projeto de moradia e tem se fortalecido nos encontros de formação. O Sinergia abre um leque de outras possibilidades de coisas que a gente precisa discutir no movimento social”, diz a mobilizadora, Aparecida Mercês.

Entre junho e agosto de 2021, o Sinergia Popular realizou três seminários com temáticas sobre direito à moradia e à cidade.  O objetivo é trabalhar na perspectiva da prevenção e mediação de conflitos urbanos no Brasil e fortalecer iniciativas territoriais. As ações são coordenadas pelo Jubileu Sul Brasil (JSB), 6ª Semana Social Brasileira (SSB) e Central de Movimentos Populares (CMP).  João de Jesus Costa, que realiza o monitoramento das ações, destaca que existem possibilidades de surgirem novas lideranças nos territórios, mulheres que começam a assumir e vislumbrar um cenário de esperança, resultado do trabalho das articuladoras locais que contribuem para o empoderamento das mulheres lutadoras que vivem nos territórios e protagonizam a luta por moradia.

“A ação do Sinergia consegue ecoar vozes e buscar respostas para as situações do cotidiano, situações que inclusive estão desabrochando no decorrer da execução do projeto. A integração entre as diferentes comunidades e variadas pessoas criam perspectivas de grandes mudanças”, finalizou João.

As iniciativas do Sinergia Popular têm o apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program) e é cofinanciado pela União Europeia. A ação também faz parte do processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul e das suas organizações membro.

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