Momentos celebrativos, apresentação do “Projeto Popular para o Brasil”, articulações pastorais e publicação de Carta da 6ª Semana Social Brasileira (SSB) integraram o último dia do encontro que, desde a última terça-feira, dia 2, reúne aproximadamente 80 líderes dos organismos e pastorais, e movimentos populares de todo o país.
Por padre Tiago Barbosa | Especial 6ª Semana Social Brasileira
O último dia do Seminário Nacional “O Brasil que temos” teve início com a celebração eucarística. O bispo diocesano de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Valdeci Santos Mendes, presidiu a missa que contou com a presença dos bispos, padres, diáconos e das lideranças pastorais e integrantes dos movimentos populares que, desde a última terça-feira, dia 2, estão reunidos no Centro Cultural de Brasília (CCB), no Distrito Federal.
Por ocasião da memória litúrgica de São João Maria Vianney, padroeiro dos padres, dom José Valdeci lembrou dos ministros ordenados e tantos homens e mulheres que, desde suas comunidades, como o cura de Ars, “fortalecidos em Cristo, conseguem superar as limitações” na construção de uma realidade melhor, como é o objetivo do encontro.
“Somos povo de Deus chamados a renovar a aliança de d´Ele testemunhando a Palavra nos trabalhos de nossas pastorais e organismos, e movimentos populares. A aliança com Deus deve ser selada por nós em nossos esforços em favor daqueles que sofrem em tantas comunidades espalhadas no Brasil”, afirmou o bispo de Brejo.
Última agenda
Com ênfase no “t” do “Trabalho”, o “Projeto Popular para o Brasil” compôs a reflexão do último dia do Seminário. Apresentado por Neuri Rosseto, dirigente político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a iniciativa é constituída por trabalhadores e trabalhadoras, militantes dos movimentos populares, intelectuais e acadêmicos de diversas áreas que se uniram para o debate de alternativas para o desenvolvimento que melhorem a vida do povo brasileiro.
Neuri Rosseto explanou sobre o individualismo vivido, base do capitalismo que, segundo ele, “perdeu sua capacidade civilizatória”, também sobre a desigualdade social e a violência estrutural propondo a superação a partir de momentos de reflexão, como o Seminário promovido pela 6ª Semana Social Brasileira (SSB), e de práticas comunitárias que criem o bem viver de todos. “O sonho da igualdade e liberdade precisa de bases sólidas”, disse.
Em plenária, o bispo diocesano de Jales (SP) e referencial da 6ª SSB no Regional Sul 1 da CNBB, Dom José Reginaldo Andrietta, demonstrou sua preocupação para com as futuras gerações na edificação de uma sociedade melhor e refletiu: “na temática do trabalho, não nos esqueçamos da juventude trabalhadora. Vamos construir a sociedade do bem viver sabendo ouvir quem vai dar continuidade”.
Sobre o princípio de transformação do mundo do trabalho, Rosseto afirmou que a tarefa do “Projeto Popular para o Brasil”, e de todos que o compõem, “é de conquistar a organização popular para que, semeando, tenhamos uma colheita do bem viver, mesmo que as transformações sejam lentas”.
A partir das reflexões dos três dias de encontro, o Seminário Nacional “O Brasil que temos” lançou Carta Denúncia da 6ª SSB do conjunto de violações dos direitos humanos e ambientais do “Brasil que temos” e que impedem a edificação do “Brasil que queremos”.
O texto, que evidencia o atual projeto de poder das bases conservadoras sobre os direitos da classe trabalhadora e expropriação da natureza e dos bens comuns, destaca oito pontos que exigem mobilização de toda a sociedade e os participantes, no ideal de sinodalidade, se comprometeram “com a construção de um projeto popular que promova a justiça socioecológica com redistribuição de renda e riqueza, que reconheça os direitos da natureza, dos povos e que reafirme a soberania popular sobre os nossos territórios e suas riquezas naturais”.
A Carta Denúncia sensibiliza as comunidades ao bem viver e indica “um projeto popular para o Brasil tem como fundamento a defesa da soberania alimentar, energética, genética, e financeira, com participação popular, a partir de uma nova economia, que gera e fortalece a vida”.
A apresentação das articulações da Pastoral da Moradia e as diversas atividades eclesiais nas periferias e favelas em todo país, e os cursos e webséries oferecidos pela 6ª SSB a partir do tripé “terra, teto e trabalho” também integraram a última agenda do Seminário Nacional.
Um momento celebrativo com o Ofício Divino das Comunidades marcou o envio dos ministros ordenados e representantes das pastorais sociais e movimentos populares que, com o ideal do “Mutirão pela vida: por terra, teto e trabalho”, em todo o país procuram construir uma realidade melhor para os povos excluídos e marginalizados.