Público reúne jovens estudantes, pesquisadores, empreendedores, empresários e economistas de até 35 anos que participam de palestras, plenárias, workshops e eventos artísticos.

Mística de abertura do encontro da Economia de Francisco. Fotos: Luiza Bassegio e Talita Guimarães

Por Flaviana Serafim

Uma economia diferente, que faça “viver e não mata”, que seja inclusiva e garanta equidade social com respeito ambiental. Esta é a proposta do Economia de Francisco, que realiza encontro mundial numa iniciativa do Papa Francisco, de 22 a 24 de setembro, na cidade italiana de Assis, província de Perugia, região central do país.

Com a iniciativa, a expectativa é que os participantes debatam, formulem, proponham e coloquem em prática uma economia que possa corrigir os modelos de crescimento “incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações”, como critica o Papa na mensagem de lançamento do evento em maio de 2019.

“O encontro é para repactuar a economia de Francisco e Clara nos seus territórios. Estamos aqui compartilhando nossas estratégias de ação e a Rede Jubileu Sul Brasil está contribuindo na reflexão sobre a agenda das dívidas financeiras e históricas”, explica a economista Talita Guimarães, do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS), que representa a Rede JSB nesta experiência de intercâmbio internacional.

A comitiva do Brasil tem centenas de pessoas, que na abertura do encontro estiveram ao lado de participantes da Colômbia, Equador, África e Camboja, “que trouxeram suas agendas e o quão é importante estarmos nos mobilizando e nos fortalecendo nos territórios fazendo contraponto à economia hegemônica, do capital”, diz Talita.

A economista conta que a resistência e construção de outro paradigma a partir da economia de Francisco e Clara parte da base das relações onde a vida, as necessidades das pessoas estejam em primeiro lugar.

“Viemos aqui para repactuar o compromisso na construção de uma política econômica que coloque a vida em primeiro lugar. Estamos falando de um paradigma do bem viver dos povos e a Rede Jubileu Sul Brasil tem feito essa contribuição com a organização das entidades e movimentos em seus territórios no Cone Sul, sobretudo as agendas das mulheres e fortalecendo os atores políticos para incidência, para pautar as políticas públicas e econômicas que estejam a favor da maioria da população”, completa.

Representando o Grito dos Excluídos Continental além da Rede JSB, Luiza Bassegio, de 18 anos, afirma que os jovens estão no encontro “para tornar os sonhos de Francisco uma realidade, para que todos os compromissos assumidos sejam a raiz de uma economia futura”.

Unidos à juventude, também participam palestrantes que estão entre os principais nomes em suas áreas de atuação, como o Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen e sua conterrânea indiana, a ativista ecofeminista Vandana Shiva.

Luiza Bassegio no evento em Assis.

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“Re-almar” a economia

Na avaliação do pontífice, é preciso um pacto para “re-almar’ a economia” com um novo modelo econômico resultado de “uma cultura de comunhão”, baseada na fraternidade e na equidade e que também considere as questões ambientais para o desenvolvimento  

Por isso, é simbólico tanto o nome do evento como a escolha da terra natal de São Francisco de Assis para realização do encontro, uma referência “ao Evangelho que ele viveu em total coerência também no nível econômico e social. Ele nos oferece um ideal e, de alguma forma, um programa”, afirma o Papa na mensagem sobre o “Economia de Francisco”.

Ao divulgar a encíclica Laudato Si que trata do “cuidado da casa comum”, em maio de 2015, o Papa chamou atenção ao propor uma “ecologia integral” que contemple as dimensões humanas e sociais. Na carta, ele discorre longamente sobre várias questões ambientais, com um capítulo específico sobre o problema da poluição, das mudanças climáticas, da água, da perda da biodiversidade e a deterioração da qualidade de vida provocados pela degradação ambiental.

Nos capítulos 5 e 6 da encíclica, o Papa Francisco propôs linhas de ação, como uma política internacional que tenha como projeto comum resolver as dificuldades sociais e ambientais, e defende a substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis. No lugar de um estilo de vida consumista, o pontífice prega uma “conversão ecológica” para desenvolver “criatividade e entusiasmo para resolver os dramas do mundo”.

A participação do Jubileu Sul Brasil no encontro da Economia de Francisco é financiada com recursos da União Europeia, no âmbito da ação Fortalecimiento de la Red Jubileo Sur / Américas en el logro del desarrollo y de la soberanía de los pueblos latinoamericanos y caribeños.

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