Frente parlamentar, lançada com participação da Rede Jubileu Sul Brasil, visa garantir a implementação de políticas e mecanismos de adaptação e mitigação climática no estado paulista

Por Flaviana Serafim – Jubileu Sul Brasil

A Frente Parlamentar de Combate às Mudanças Climáticas foi lançada na noite desta segunda-feira (29), no auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), numa iniciativa do deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL). A Frente visa garantir a implementação de políticas e mecanismos de adaptação e mitigação climática no estado paulista.  A Rede Jubileu Sul Brasil (JSB) participou do lançamento, representada pela coordenadora de projetos Raíssa Lazarini, pela articuladora Ana Paula Evangelista, da Ação “Mulheres por reparação das dívidas sociais”, além de Ângela Silva, do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS), e Cosme Vitor, da Associação de Favelas de São José dos Campos, ambas organizações parceiras da Rede. 

Presidente da Frente, o deputado Guilherme Cortez deu início ao lançamento falando do  ineditismo da iniciativa, da importância de se debater a temática e criticou o fato de apenas 27 dos 94 deputados estaduais integrarem a iniciativa. “As mudanças climáticas são uma realidade que vai afetar toda a população. Não vejo o que tenha de mais importante para que esses deputados, que ainda não são membros, aderirem a uma Frente que vai encarar o maior desafio que nossa espécie tem diante de si, que é a emergência climática”. 

Segundo Cortez, “ao contrário do que os ecocidas tentam pregar, de que a mudança climática é uma pauta distante da realidade da maioria do povo brasileiro, temos muito orgulho de montar essa mesa para dizer que a vanguarda da luta ambiental brasileira não é de classe média”. 

A deputada Mônica Seixas (ao microfone), da Bancada Ativista, no lançamento da Frente Parlamentar. Fotos: Raíssa Lazarini/Jubileu Sul Brasil

O deputado ressaltou que “a vanguarda são os povos indígenas, que sempre estiveram na linha de frente colocando a própria vida em risco para manter seus territórios, mas também manter esse bem maior que é a Mãe Terra. A vanguarda da luta ambiental brasileira é protagonizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e por quem há séculos no Brasil luta por reforma agrária, que também é uma luta agroecológica e pela preservação da nossa humanidade”, completou. 

Da Bancada Ativista do PSOL, a deputada Mônica Seixas alertou para a questão do racismo ambiental: 

“Quando falamos de mudança climática parece um discurso racista, do quem sabe um dia uma classe média branca vai ser atingida pelas alterações climáticas, quando agora as pessoas estão passando fome num país rico, com população sem água na torneira, sem acesso à saúde, morrendo por problemas respiratórios por conta da qualidade do ar. Nesse exato momento, grupos étnicos vulneráveis já estão morrendo pelas alterações climáticas. A chuva matou em São Sebastião e no próximo janeiro vai matar outros grupos étnicos vulneráveis”, ressaltou. 

Para a deputada, “não estamos discutindo o futuro, estamos discutindo o agora de gente que está morrendo agora, de pessoas que estão sem direito ao presente e que sequer podem discutir o futuro porque o país é racista. As alterações climáticas já são uma dura realidade na vida do povo preto, pobre, periférico, indígena e quilombola”, pontua.  

Apoio à luta dos movimentos populares

Ângela Silva, representante do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental

Ângela Silva, do FMCJS, destaca a atuação do Fórum, que apoiou a criação da Frente: “Foi fundamental, pois conseguiu dar a oportunidade de vários movimentos e ativistas participarem deste momento, um divisor de águas na luta ambiental que é tão fragmentada no Estado de São Paulo. Com a Frente de Combate às Mudanças Climáticas, vamos conseguir nos manter em rede e unir os movimentos e ativistas que lutam muito, mas têm um sentimento de lutar sozinhos. Depositamos muita esperança na frente parlamentar, principalmente para discutir os direitos da natureza”. 

Em sua intervenção na Assembleia Legislativa, Ângela também pautou o racismo ambiental e a importância dos direitos da natureza, “essa natureza que tanto usamos e não respeitamos os direitos. Que a Frente pense num projeto da Alesp para que o Estado de São Paulo respeite a natureza, e também discuta a questão do racismo ambiental. Nós negros sempre sofremos, então que haja esse olhar, que a Frente pense nisso para que, juntos, possamos lutar realmente por um igual e socioambiental e para todos”.   

Cosme Vitor, da Associação de Favelas de São José dos Campos

Cosme Vitor, membro da Campanha Despejo Zero e representante da Associação de Favelas de São José dos Campos, parceira da Rede Jubileu Sul Brasil, está apoiando a luta dos moradores de São Sebastião, afetados pelas fortes chuvas de verão que atingiram o litoral norte paulista. Ele denunciou os riscos que os militantes vêm sofrendo e pediu apoio aos parlamentares quanto à segurança de lideranças da luta por moradia em São Sebastião. 

“Com o crime que está acontecendo em São Sebastião não vai ter tempo não, temos que sair daqui com uma comissão para ir lá e ver o tamanho da barbárie. O prefeito e a Câmara de Vereadores estão obrigando algumas pessoas, a maioria que estavam em pensões, a voltar para as casas, sem nada. E uma pessoa perdeu o emprego, foi demitida por militar conosco. Pedimos que essa Frente desça amanhã porque a vida dos seres humanos não tem preço”, concluiu. 

Confira o lançamento da Frente de Combate às Mudanças Climáticas

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