Documentário mostra a força da comunidade tradicional quilombola na luta pela terra às margens do Rio São Francisco, norte de Minas Gerais, está disponível
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Por Cláudia Pereira| – APC
No coração do Brasil, onde o Rio São Francisco pulsa com a força da natureza, está localizada a comunidade de Caraíbas. O documentário é o terceiro da série ‘Povos da Beira D’Água’, que integra uma série de reportagens da comunicação da Articulação das Pastorais do Campo (APC). O filme destaca através de depoimentos a relação dos povos tradicionais com a natureza e a sua cultura que preservam vidas. As mulheres, protagonistas da narrativa, compartilham histórias de luta e fé, revelando a força que emana da terra e do rio.
O documentário ressalta a história de resistência dos povos quilombolas, pescadoras e pescadores artesanais e vazanteiros que lutam pelo direito de ser, existir e preservar o seu modo de vida. Situada em Pedras de Maria da Cruz, Norte de Minas Gerais, a comunidade tem uma relação profunda com a natureza da qual o velho Rio Chico rege os ciclos para plantar, pescar e colher. Caraíbas foi uma das primeiras comunidades quilombolas do estado de Minas Gerais a conquistar o Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS), mas ainda aguarda a regularização do seu território.
O documentário “Povos da Beira d’água – Comunidade de Caraíbas” é um convite a conhecer a história de um povo que resiste, que luta por seus direitos e que celebra a vida em comunidade. Os moradores da comunidade dependem das margens do rio São Francisco para a sua subsistência e interligados com a natureza, é neste espaço sagrado que eles plantam, colhem, pescam e coletam frutos nativos para viver. São povos que lutam pela preservação pelo seu modo de viver, que é rico em cultura e tem a música como elemento de força da caminhada.
“O rio Chico é um pai e uma mãe, ele me dá água e o pão todos os dias para a minha família”, declara a pescadora Luciana, em um depoimento que ecoa o sentimento de profunda conexão com a natureza.
Caraíbas, assim como a maioria das comunidades quilombolas da região, pertencem àquele chão há mais de cem anos. Reconhecida pela Fundação Cultural de Palmares, no ano de 2013 a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) emitiu um Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) em favor da comunidade de Caraíbas. O TAUS garante a moradia, a pesca e a agricultura sustentável para as famílias do território de Caraíbas que vivem às margens do rio São Francisco.
A comunidade, é organizada e apoiada pelas pastorais do campo e outros organismos, mantém sua luta constante pela terra e por seus direitos. Para as mulheres da comunidade, o acesso à educação de qualidade é uma prioridade, pois veem nesse caminho a chave para abrir portas para si e para as futuras gerações.
Lançamento do terceiro episódio da série
Antes de ser lançado, o filme foi exibido para algumas lideranças da comunidade que expressaram um pouco. “O filme resume um pouco da nossa luta, resgata a nossa história e fica registrado para garantir a demarcação do nosso território”, afirma Luciana, emocionada, expressando a importância do documentário para a comunidade.
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“Me sinto orgulhosa de fazer parte desta caminhada. O filme é muito gratificante e inspira outras pessoas de fora da nossa comunidade”, compartilha Sheila, mulher quilombola que se orgulha de sua história e de sua luta.
“O filme consegue emocionar e propõe boas reflexões na luta pelo acesso à terra. Ele destaca a beleza e a resistência da comunidade, complementando com as informações sobre os conflitos que as comunidades vivenciam na região. A produção captou a essência da comunidade, especialmente neste momento em que estamos aprofundando o tema da Campanha da Fraternidade que vai debater a Fraternidade e Ecologia Integral” Ecologia Integral”, disse o secretário Executivo Thiago Valentim.
O documentário “Povos da Beira d’água – Comunidade de Caraíbas” foi lançado no dia 07 de fevereiro no canal do YouTube da Articulação das Pastorais do Campo. O filme é mais um instrumento na luta da comunidade pela regularização de seu território. Um momento de celebração, de reflexão e de mobilização em defesa dos direitos dos povos tradicionais.
Ficha Técnica:
Realização: Articulação das Pastorais do Campo/ APC
Produção e Reportagem: Cláudia Pereira | APC e João Victor Rodrigues| SPM
Direção: Cláudia Pereira e Humberto Capucci
Edição e Finalização: Humberto Capucci
Trilha Sonora: Antônio Cardoso, Zé Pinto, André Souza e Ewerton Oliveira
Apoio: Misereor