Além de orientações sobre o cotidiano da comunicação, foi debatida a forma com que a mídia enxerga os movimentos populares e as comunidades periféricas, e como as ações realizadas nesses lugares são noticiadas de forma agressiva e pejorativa

*Por Isabela Vieira – Jubileu Sul Brasil

Na última terça-feira (27), a Ação “Mulheres por reparação das dívidas sociais” realizou uma oficina de comunicação institucional com articuladoras de diversos territórios. O encontro foi marcado pela troca de experiências, orientações a respeito da visibilidade das ações nas comunidades e reflexão em torno do que é a comunicação popular.

O início da reunião contou com a apresentação da Rede Jubileu Sul Brasil seguindo para discussão das rotinas, políticas internas, metodologias e protocolos de trabalho realizados com os projetos e entidades membro. Também foram explicados os princípios por trás do trabalho da Rede, que defende a solidariedade entre os povos e a soberania, num movimento nacional e internacional em busca da anulação das dívidas financeiras e históricas que são resultado do processo de colonização.

Ao longo dos 25 anos de sua história, o Jubileu Sul Brasil desenvolveu uma identidade plural, não só em relação às suas articulações, mas também em relação à comunicação. Rosilene Wansetto, secretária executiva da Rede Jubileu Sul Brasil, fala sobre o papel da instituição na descolonização:

“Tentamos desconstruir esse processo colonizador e colocar uma discussão sobre reparações. Também dialogamos sobre as dívidas socioecológicas, trazendo o debate climático e ambiental e tratamos das dívidas sociais e precarização do acesso aos direitos”, afirma.

Durante o encontro foi colocado em pauta a forma que a mídia enxerga os movimentos populares e as comunidades periféricas, e como as ações realizadas nesses lugares são noticiadas de forma agressiva e pejorativa.

Para Raiz Policarpo, da equipe da Ação Mulheres em Belo Horizonte, é importante evidenciar uma visão diferente dessas comunidades. “São territórios muitas vezes estigmatizados. Então a juventude e as mulheres serem representadas em outros espaços da mídia, de uma forma mais positiva, falando das riquezas do território, é transformador” afirma.

A comunicadora Mila Souza, que atua em Salvador (BA), falou sobre formas de se comunicar nos dias atuais e a importância de diversificar as ferramentas utilizadas, além do papel dos comunicadores e comunicadoras populares.

“Ser comunicadora popular pra mim é pensar em uma outra comunicação, uma comunicação diferente das grandes empresas de comunicação que temos, que faz uma comunicação agressiva. Temos a função de trazer outra perspectiva da comunicação”, destaca.

As iniciativas da Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais contam com apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program).

As ações também integram o processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul Brasil e das suas organizações membro, contando ainda com apoios da Cafod, DKA, e cofinanciamento da União Europeia.

O conteúdo desta publicação é de responsabilidade exclusiva da Rede Jubileu Sul Brasil. Não necessariamente representa o ponto de vista dos apoiadores, financiadores e co-financiadores.

*Supervisão por Flaviana Serafim

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