Lideranças destacaram relevância da formação, da luta por moradia digna e as ações com as mulheres para além dos muros dos bairros

Reunião de avaliação, planejamento e confraternização com moradores de territórios da capital cearense. Foto: Natália Nepomuceno

Por Flaviana Serafim – Jubileu Sul Brasil 

O Movimento de Conselhos Populares (MCP) e o Comitê Ceará da Rede Jubileu Sul Brasil (JSB) realizaram encontro de avaliação e planejamento neste dia 8, em Fortaleza. A reunião contou com a participação de lideranças das comunidades Raízes da Praia, Palmeiras, Planalto Pici e Barra do Ceará, num momento de reflexões sobre 2024 e de projeção sobre o ano que virá. 

As atividades realizadas com as mulheres para além dos muros dos bairros estão os destaques na avaliação das lideranças, a exemplo do clube de leitura, da exibição de filmes e das visitas a equipamentos culturais da capital cearense. 

“Relembramos algumas das ações executadas nos últimos anos, como as formações políticas, os grupos de produção formados pelas mulheres, as rodas sobre saúde mental conduzidas pela psicóloga Jana Said, os brechós realizados, as visitas a equipamentos culturais da cidade”, afirma Ada Ponte, articuladora local do JSB. 

A construção coletiva do 30° Grito dos Excluídos e Excluídas e do Comitê Ceará da Cúpula dos Povos frente ao G20, as ações de incidência na luta por moradia digna e pela manutenção do “Sisteminha” de produção comunitária de alimentos também foram destacados. 

Desafios e propostas

As lideranças do bairro Planalto Pici pautaram a questão do VLT, cujas obras levaram à remoção e despejo de dezenas de famílias que estão há 12 anos com aluguel social. “Foi prometida a moradia, mas nesse tempo todo, desde que começaram as obras do VLT, nada aconteceu. Nesse processo, foi feita uma crítica muito forte aos governos do PT no período, porque nenhum deles nunca recebeu ninguém dos afetados pelo VLT”, pontua a advogada feminista Magnólia Said, da coordenação do Jubileu Sul Brasil. 

Na comunidade da ocupação Raízes da Praia, os moradores denunciaram os impactos de uma infestação de ratos na produção do “Sisteminha” de segurança e soberania alimentar. Com hortas, tanques de peixes e galinheiros, o “Sisteminha” é voltado à produção comunitária e distribuição solidária de alimentos. Por isso, as lideranças dialogaram sobre providências para enfrentar o problema, entre as quais o apoio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura de Fortaleza. 

Outra questão apontada pelos moradores da Raízes da Praia é a construção de uma usina de salinização nas proximidades da comunidade. Para as obras, foi retirada a Areninha Praia do Futuro, único equipamento de lazer e espaço para crianças e adolescentes da região. Outro impacto é a perspectiva de remoção de cerca de 120 famílias, por isso a questão vem sendo acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza. 

Quanto ao planejamento para 2025, Magnólia Said propôs uma articulação dos bairros com os povos indígenas que vivem nas proximidades da capital cearense “pensando em ampliar a criatividade das mulheres que produzem artesanato, porque elas têm dificuldade de vender. É possível ampliar e dar outra visão, de respeito ao conhecimento e a outro povo que mora no mesmo estado, e também aprender práticas diferenciadas, levar a experiência da juventude e das mulheres para os povos indígenas”, afirma. 

De acordo com Ada, “pretendemos seguir endossando o que até agora foi vivido, ampliando nossa força e construindo junto ao grupo de mulheres da Barra do Ceará que trabalham com formações e ações de base na comunidade. Além disso, foi discutida a necessidade do retorno das rodas de conversa sobre temas caros aos direitos humanos, com a perspectiva formativa, envolvendo também as juventudes desses territórios”.

Ao final, houve um almoço de confraternização marcando o encerramento das atividades em 2024.

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