Muita emoção na abertura do Encontro Mundial da Economia de Francisco que acontece de 22 a 24 de setembro em Assis, Itália.

Por Luiza Udovic Bassegio, especial para o Jubileu Sul Brasil*
De Assis – Italia
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“Vai e seja sentinela noturna. Aquilo que vir grite, preste a atenção. Muita atenção. Então a sentinela gritou… Sentinela, quando será eliminada a miséria? Quando cada menina e menino poderão crescer num mundo onde tenham a permissão de viver a vida que desejam viver?…Quando os direitos dos povos indígenas e nossas diferentes formas de economia serão reconhecidas? Quando os cárceres serão humanos? O amanhã está para chegar, mais ainda é noite…”. Sentinela, quanto tempo ainda teremos que esperar por uma economia mais fraterna, inclusiva e igualitária? Quando a economia que mata se transformará na economia da vida?” Estes foram alguns trechos que marcaram a mística de abertura, inspirada na profecia do profeta Isaías.

“Somos idealistas e concretos porque somos jovens”. Após três anos da carta do Papa Francisco estamos aqui, Teatro Lyrick, em Santa Maria degli Angeli. O Covid adiou o nosso Encontro Mundial previsto para 2020, mas isso transformou a Economia de Francisco num processo de vida que inundou o mundo inteiro. Países de todos os continentes estão representados. Foram citados Portugal, Síria, Ucrânia, México, Argentina, Benin, Coréia, Colômbia, Itália, Guatemala e é claro, com muito ânimo o apresentador gritou Brasil.

Uma das delegações mais animadas e abordadas no encontro. Lembrou com tristeza que infelizmente, após três anos de espera, jovens da Nigéria, Uganda e Camarões não receberam o visto por falta de garantia de voltarem ao país. Na economia de Francisco estas injustiças não vão acontecer mais. As relações serão pautadas na confiança.

Foi destacado que o Encontro não será de eventos e sim de abraços. Serão três dias de abraços, encontros e diálogos pessoais. Uma intimidade coletiva e alma delatada. Muita escuta. A economia de Francisco é aquela que sabe ouvir, a economia que abre espaço e sabe calar diante da luta dos povos. O evento tem uma dimensão pessoal e coletiva. Acontece entre o eu e o nós. Precisamos vivenciar ambas dimensões para construir um novo capital espiritual e dar uma alma a economia.

A pandemia, a crise socioambiental e as guerras dizem fortemente que o mundo precisa da economia de Francisco. É por isso que estamos aqui, para reafirmar nosso compromisso de tornar realidade o sonho de economia de Francisco.

Abrindo a palavra para a colheita da economia de Francisco, alguns jovens, construtores de pontes presentes na plateia, foram chamados a apresentar algumas experiências e propostas. Representando a nossa delegação brasileira falou o sociólogo Eduardo Brasileiro, da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, que apresentou o histórico da articulação brasileira a partir do chamado de Francisco. Lembrou que as mulheres brasileiras que estão hoje aqui disseram que a nossa economia deveria ser de Francisco e Clara.

Clara como uma expectativa das periferias. Das juventudes que não estão no centro do capital. Das periferias existenciais que envolvem as juventudes negras, as mulheres indígenas, lutadores antirracismo, LGTBI+ fobia e tantos outros movimentos da cultura da morte. Clara se soma a Francisco para construir as alternativas de outro mundo possível…

Nesta perspectiva de religiosidade que vamos dialogando no Brasil com movimentos populares e de territórios, fomos construindo uma perspectiva de Paulo Freire. “Minha cabeça pensa onde meus pés pisam”. Por isso, temos que estar inseridos na periferia. Que a economia de Francisco e Clara seja uma ponte entre o centro e a periferia e também entre as periferias para construir um mundo onde todos caibam. Trouxemos aqui estas reflexões para partilhar e dialogar juntos.

Ao final desta primeira sessão de abertura no teatro, todos foram para o Palaeventi de Santa Maria degli Angeli, que no evento é chamado de “Casa”, onde não haverá uma única língua, mas sim muitos idiomas do mundo respeitando a biodiversidade das línguas, pois uma única língua lembra muito Babel. A cidade foi dividida em diferentes áreas para os encontros e iniciativas. Na parte da tarde o encontro volta para o teatro para a apresentação dos embaixadores de Francisco e apresentações culturais.

O segundo dia terá início com um encontro com São Francisco. Cada um de nós é convidado a visitar alguns dos lugares da vida e da espiritualidade do santo que inspira esta nossa caminhada rumo a uma nova economia. E em seguida vamos para o que chamamos de “aldeias ou vilas”, que terá uma programação rica e variada em lugares emblemáticos de Assis.  

Minha Vila será “Políticas para a Felicidade”, onde queremos debater maneiras de cultivar a felicidade garantindo saúde, educação, moradia, proteções sociais para toda a humanidade. Uma economia justa, com igualdade de oportunidades e sustentável.

O dia termina com conferências e oficinas. E no sábado (24/09), o tão esperado encontro com o Papa Francisco onde será realizado o pacto por uma nova economia.

* Luiza Udovic Bassegio, estudante de RI – Delegação gaúcha
Grito dos Excluídos Continental e Rede Jubileu Sul Brasil.

**A participação do Jubileu Sul Brasil no encontro da Economia de Francisco é financiada com recursos da União Europeia, no âmbito da ação Fortalecimiento de la Red Jubileo Sur / Américas en el logro del desarrollo y de la soberanía de los pueblos latinoamericanos y caribeños.

O conteúdo desta publicação é de responsabilidade exclusiva da Rede Jubileu Sul Brasil. Não necessariamente representa o ponto de vista dos apoiadores, financiadores e co-financiadores.

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