Nesta terça-feira, 1º de abril, em razão da data que marca os 50 anos do Golpe Militar no Brasil, as Pastorais Sociais, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e organismos da Arquidiocese de Fortaleza, no Estado do Ceará, irão fazer uma celebração em homenagem ao religioso cearense Frei Tito, que militou em favor da democracia e defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar, sendo preso, cruelmente torturado, exilado e morto em 1974. A celebração ocorrerá em frente ao túmulo do frei dominicano, localizado no Cemitério São João Batista, às 16h. Durante o ato, participantes protestarão pela “Ditadura nunca mais” e está programada a leitura de uma declaração pela democracia no Brasil, apoiada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e pelo relato de Frei Tito.
A Adital conversou com a coordenadora da Pastoral do Povo da Rua, Fernanda Gonçalves, que ressaltou a importância de lembrar a luta de frei Tito nessa data emblemática dos 50 anos do Golpe Militar; e com Francisco Vladimir, membro da equipe da Articulação das Pastorais Sociais, que destacou que assim como as Pastorais Frei Tito militou em defesa dos direitos humanos e por isso merece que sua trajetória de luta seja lembrada.
O Golpe Militar deu início a um período de ditadura que durou 21 anos. Repressão, censura, torturas e mortes marcaram o período conhecido como “anos de chumbo” no Brasil. Muitos militantes como Frei Tito foram presos e torturados, e tantos outros foram mortos durante o regime.
Sobre Frei Tito
Nasceu em Fortaleza, no dia 14 de setembro de 1945. Filho de Ildefonso Rodrigues Lima e Laura Alencar Lima. Estudou no Colégio Estadual do Ceará (Liceu do Ceará). Participou da Juventude Estudantil Católica (JEC), ala jovem da Ação Católica. Em 1963, eleito dirigente regional da JEC (Maranhão a Bahia), com sede em Recife, Estado de Pernambuco. Em 1964, participou das primeiras reuniões e manifestações estudantis contra a ditadura militar. No início de 1966, ingressou no noviciado dos dominicanos, em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Em 10 de fevereiro de 1967, fez a profissão simples dos votos e foi residir no Convento das Perdizes para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).
Em 1968, foi preso durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna, Estado de São Paulo, com todos os congressistas. Em novembro de 1969, foi preso novamente, com Frei Betto e outros religiosos. Foi torturado ininterruptamente durante três dias pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, chefe do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
Em dezembro de 1970, foi incluído entre os prisioneiros políticos trocados pelo embaixador suíço, Giovani Enrico Bücker, sequestrado pelo comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 1971, foi para Roma, Itália, e, em seguida, para Paris, França, onde foi acolhido no convento Saint Jacques.
Em 10 de Agosto de 1974, foi encontrado morto em uma área do Convento de Lyon. Somente em março de 1983, com a abertura política, seus restos mortais retornaram ao Brasil. Acolhidos em solene liturgia na Catedral da Sé, em São Paulo, encontram-se hoje enterrados no cemitério São João Batista, em Fortaleza.
Para maiores informações sobre a trajetória de luta de Frei Tito acesse o Memorial on line no site da Agência Adital http://www.adital.com.br/freitito/por/
Por Natália Fonteles, Adital.