No marco do início do massacre, Frente em Defesa do Povo Palestino organiza marcha na avenida Paulista
Carolina Bataier – Brasil de Fato
“Eles estão ouvindo bombas”, diz a jornalista Sarah Kalo, libanesa que vive em São Paulo há oito anos com o marido e três filhos – um deles, um bebê de apenas sete dias. Kalo se referia aos seus pais e irmãos, que vivem no Líbano, alvo mais recente dos ataques de Israel. Na noite desta terça-feira (8), ela esteve diante do Masp, na avenida Paulista, para mais um ato de solidariedade às vítimas de Israel.
Com faixas e cartazes pedindo cessar fogo e denunciando as atrocidades israelenses, os manifestantes caminharam pela avenida. A manifestação marca um ano do início dos ataques, que começaram em 7 de outubro de 2023.
“Gaza está no chão. As universidades estão destruídas. Os hospitais que não foram destruídos estão sem nenhuma condição de poder atender os feridos”, denunciou Mohamad El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino, na fala de início da caminhada que seguiu rumo à praça Roosevelt.
Além de denunciar a violência e prestar solidariedade às vítimas, os manifestantes desejam, com o ato, pressionar as autoridades brasileiras a cortarem relações comerciais e diplomáticas com Israel. “E é por conta disso que a gente constrói ato atrás de ato pelo Brasil. Para dizer basta, para dizer chega a esse genocídio e à cumplicidade de empresas, instituições, estados e os próprio estado brasileiro como um todo”, alerta Ju Sieg, militante internacionalista, atuando na Frente em Defesa do Povo Palestino.
No período de um ano, quase 42 mil pessoas foram assassinadas na Faixa de Gaza. Dessas, 17 mil são crianças. A conceituada revista The Lancet constatou que as mortes diretas e indiretas em Gaza podem chegar a 186 mil pessoas. Há milhares de corpos não resgatados debaixo dos escombros criados pelos bombardeios que ainda não foram contabilizados.
Mais de 97 mil palestinos foram feridos em Gaza. Pelo menos 25% dos feridos provavelmente sofrerão lesões que mudarão suas vidas, incluindo mais de 15 mil casos de lesões nas extremidades e cerca de 3,5 mil amputações, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Além da Frente Palestina de São Paulo, que organiza os atos de solidariedade, participaram da caminhada representantes de organizações e movimentos populares como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Próximos atos pelo povo palestino e pelas vítimas de Israel
Na quarta-feira (9), haverá um ato na Universidade de São Paulo (USP) às 17h30 no vão do prédio de geografia e história.
Na quinta, a manifestação será na PUC, às 19h. Na sexta-feira, também às 19h, haverá uma atividade do Núcleo Palestina, do PT, na Faculdade de Direito da USP.