O diálogo nas ruas é o grande chamado desse momento porque o que está em jogo é civilização ou barbárie
Domingo, 2 de outubro de 2022. Primeira grande vitória. Mesmo com a expectativa e medo de violência, tudo transcorreu em uma absoluta tranquilidade e os resultados não foram contestados por ninguém. Claro que o sistema eleitoral sempre pode ser aperfeiçoado, mas, por enquanto, os resultados foram pacificadores.
Os resultados que saíram das urnas trouxeram surpresas que nos deixaram apreensivos: Bolsonaro cresceu além do esperado, muitas figuras que estão no rol do bolsonarismo foram eleitos em vários locais, com votação expressiva. Isso deu ao Congresso um perfil mais conservador.
Em contrapartida, tivemos uma diversidade de representação com mulheres trans e negras, povos originários e tradicionais, representantes da população sem teto, da população LGBTQIA+ e trabalhadoras domésticas, que estão mais bem representadas tanto em Brasília quanto nas Assembleias Legislativas. E pela primeira vez temos uma bancada indígena no Congresso! Realidade que há bem pouco tempo não estava nem nos melhores sonhos democráticos da população brasileira.
O que têm em comum as trans, trabalhadoras e trabalhadores rurais, lideranças do movimento de moradia, negras, negros e indígenas eleitos deputadas e deputados? Estão na política para lutar de forma legítima, vigorosa e inteligente pela reparação das dívidas sociais e históricas no país, que amarga uma tradição de desigualdades e injustiças aprofundadas por projetos políticos e econômicos que excluem a população preta, as mulheres, as pessoas empobrecidas e as “minorias” de modo geral, do acesso aos direitos fundamentais, inclusive do acesso à participação efetiva na política.
Não há dúvida, essas pessoas precisam, agora mais que nunca, do apoio da população que as elegeu. O cenário hostil e violento não dá sinais de recuo. Os dias que virão exigirão um mandato de lutas, muita negociação e embates contra autoritarismos e projetos de morte, como é o caso do orçamento secreto que atualmente libera uma grande fatia do orçamento público para uso de deputados e senadores em suas bases, sem transparência e planejamento.
Mas antes de tudo isso nós, o povo brasileiro, precisamos ainda concluir a maior missão dos últimos anos: tirar Bolsonaro do Palácio do Planalto, como forma de garantir a democracia e seguir lutando no Congresso e nas ruas pelo projeto popular que queremos continuar construindo.
Estamos nas ruas com disposição e energia para abrir diálogos, lutar contra a avalanche desleal de mentiras e medos disseminados, especialmente via redes sociais e aplicativos de mensagens. Lutando pela soberania popular ameaçada por patrões e lideranças religiosas bolsonaristas que intimidam trabalhadores/as e fiéis.
O imperativo agora é estarmos nas ruas e ocuparmos as redes sociais e aplicativos de mensagens, para dialogar com os mais de 31 milhões de pessoas, que correspondem a 20% de eleitores/as, que não compareceram às urnas no primeiro turno.
Temos a possibilidade real de abrirmos espaços para um governo mais comprometido em acabar com a fome, fortalecer as universidades, a ciência, a cultura, proteger a Amazônia e todos os nossos biomas. Garantir políticas públicas para mulheres, população negra e LGBTQIA+, para as juventudes, para crianças e adolescentes. Garantir terra, teto e trabalho para trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, para os povos tradicionais e originários. Trabalhar pelo crescimento econômico sustentável e justo, além de recuperar a credibilidade e dignidade do país no cenário internacional.
É o corpo a corpo, o diálogo nas ruas, o grande chamado desse momento porque o que está em jogo é civilização ou barbárie. É um projeto de morte, de fome, de pobreza e desigualdades extremas, de ódio e violência que não podemos eleger!
A hora é de ação a todo vapor para garantirmos a volta dos espaços democráticos para, aí sim, voltarmos a discutir os rumos do Brasil que queremos.
A palavra de ordem agora é: Vamos à luta! #BrasilDaEsperança.
Estamos na luta! Estamos nas ruas!
Não devemos, não pagamos!
Somos os povos, os credores!
Rede Jubileu Sul Brasil, 9 de outubro de 2022