Manifestantes alertaram para os riscos da contaminação radioativa para as comunidades e o meio ambiente com explora de mina em Santa Quitéria
Por Redação – Jubileu Sul Brasil
“Água sim, urânio não. Água para o povo e não para a mineração”. A voz da população do Ceará ecoou na mobilização contra a exploração de urânio na região de Santa Quitéria, a cerca de 210 quilômetros de Fortaleza, durante a audiência pública sobre o tema realizada no último dia 11.
No protesto, as pessoas participantes destacaram o rechaço à exploração mineral e de elementos fosfatados para produção de fertilizantes, entre Santa Quitéria e Itatira, onde se localiza a mina de Itatiaia, a maior mina de urânio do Brasil.
Os manifestantes alertaram para os graves riscos da contaminação radioativa para as comunidades e para o meio ambiente, além do alto consumo de água necessário para o empreendimento justamente numa região que sofre com crise hídrica: a estimativa é de cerca de 880 mil litros de água por hora. Os manifestantes cobraram o governador cearense Elmano Freitas (PT) para que o projeto seja barrado.

Houve empurra-empurra com a tentativa dos seguranças de impedir a manifestação, mas o protesto prosseguiu com a forte presença das organizações e movimentos sociais, como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e do Movimento de Conselhos Populares (MCP), e também de parlamentares, entre os quais a vereadora Adriana Gerônimo e o vereador Gabriel Aguiar (PSOL). O articulador Francisco Vladimir participou da mobilização representando a Rede Jubileu Sul Brasil.
Na mesma semana, em discurso na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado estadual Renato Roseno enfatizou que a defesa é por uma transição energética limpa e sustentável em toda a cadeia produtiva, e que não é o caso da energia nuclear. “Não caiamos no discurso fácil do desenvolvimentismo, que vai gerar empregos. E a sobrecarga no SUS? E a radioatividade e o câncer?”, questionou.
Ainda segundo o parlamentar, estudos realizados pela Universidade Federal do Ceará apontam problemas no relatório apresentado pelo consórcio de exploração da mina, que vão desde a inconsistência do diagnóstico sobre a disponibilidade de água, passando pela omissão sobre os impactos socioambientais até a invisibilização dos povos indígenas, quilombolas, pescadores, de terreiro e camponeses que vivem na região. “O dragão nuclear tem que ficar onde está. Urânio não!”, concluiu.