Por Ivo Poletto|Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
O SÍNODO DA AMAZÔNIA
Foi publicado o Instrumento de Trabalho que será usado no sínodo em outubro próximo, e a mídia só destacou a proposta de ordenação de pessoas casadas para as comunidades distantes da Amazônia. É uma proposta importante, tendo presente o direito de todas as comunidades cristãs poderem celebrar os sacramentos, e especialmente a eucaristia, fonte de comunhão com a vida, a condenação à morte e a ressurreição de Jesus de Nazaré.
Mas o Instrumento de Trabalho não fala só disso. A pouca vontade da mídia em relação a todo seu conteúdo se deve a que todas as propostas, inclusive a da ordenação de pessoas casadas, tiveram origem na escuta dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, caboclos, das comunidades das periferias, dos jovens, das mulheres, enfim, dos povos amazônicos dos nove países que tem parte do bioma em seu território e mostram que são absolutamente injustos os preconceitos dos que acham que eles não sabem nada.
Pe. Paulo Sues, um dos assessores do Sínodo, destacou essas características do processo sinodal num encontro sobre renovação da Igreja em que participei no fim de semana em São Paulo:
– Coragem para caminhar por novos caminhos -”novos caminhos para  Igreja e para uma ecologia integral” na palavra do Papa Francisco.
– Participação do povo de Deus – povos que conhecem o rosto na natureza e das pessoas, o calor e as chuvas, as distâncias e a hospitalidade, a fartura e a fome da Amazônia – eles indicam as prioridades para os novos caminhos da Igreja.
– Saber ”perder tempo” e proximidade – principalmente em relação as comunidades isoladas.
– Encarnação como inculturação –  que o evangelho de Jesus se faça presente a partir da vida concreta e integral de cada povo, fortalecendo sua identidade e libertando-os dos poderes da morte, da economia neoliberal que mata.
– Rosto amazônico de uma Igreja pós-colonial – superando todas as formas de neocolonialismo, que ferem a vida das pessoas, dos povos e da Mãe Terra.
– Instinto da fé do povo de Deus – Deus fala através da fé vivida pelo seu povo, que é infalível como ”Sensus Fidei”.
– Ministérios da Igreja local emergem da escuta – e não de uma imposição doutrinária, que se pretende eterna.
Por isso, amigas e amigos, vale conhecer o Instrumento de Trabalho e colaborar, através de iniciativas em suas comunidades, para que o Sínodo seja fonte de novos caminhos para a Igreja da Amazônia e de todo o mundo.
 
 
 

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