Por Morgana Damásio, da Rede de Comunicadores/as da Cáritas Brasileira
“A melhor forma de ajudar os migrantes e refugiados é contribuindo para sua autonomia”, defende o haitiano Phanel Georges, um dos participantes do painel “Aprendendo com os espaços de resistências e protagonismo dos migrantes e refugiados”, uma das atividades realizadas durante o Seminário Internacional de Migrações e Refúgio, em Brasília, de 12 a 14 de junho.
Georges partilhou a iniciativa da Associação de Haitianos (MG), que desde 2015, atua na defesa dos direitos dos haitianos em casos de violações, direciona, orienta e os encaminha para os serviços de atendimento público, auxilia com as dificuldades linguísticas e busca a captação de recursos públicos e privados para desenvolvimento de projetos educacionais, culturais e sociais, além de parcerias com entidades públicas e privadas para ações de fortalecimento e autonomia dos imigrantes. A associação também tem como pauta preservar, valorizar e divulgar a cultura haitiana no Brasil, através de iniciativas como o Migravoz, primeiro concurso de canto entre os imigrantes haitianos, realizado em dezembro de 2017.
A auto organização para o fortalecimento da autonomia também é algo presente na Associação de Senegaleses. “A gente estava crescendo, e conversando, pensamos em como podíamos nos organizar”, diz Massar Sarr, da Associação Senegaleses. Criada em 2013, a organização desenvolve com a comunidade e os recém chegados ações como o apoio na tramitação legal para regularização da permanência, localização de parentes e amigos e auxílio na conquista de moradia e emprego.
Cultura e política são alguns dos elementos que dão vida aos Coletivos La Clandestina e Colombianxs pela Paz. A colombiana Catalina, que hoje mora no Rio de Janeiro, explica que o Coletivo La Clandestina busca através da música, teatro e circo fortalecer as manifestações políticas e culturais lationamericanas. Uma das ações do coletivo, que é composto por artistas do Chile, México, Peru, Colômbia, e Brasil é a realização da festa Clandestina. “O coletivo está primordialmente na rua ou em locais tidos como clandestinos, com músicas não comerciais e intervenções urbanas”, explica. Já o Coletivo Colobianxs pela paz teve sua criação impulsionada pela defesa dos acordos de paz na Colômbia.
Nascido da Guiné Bissau, Alberto Imbunde, chegou em 2009 no Ceará com o desejo de ingressar na universidade. “Meu país não está em guerra, mas está no mesmo patamar. Você pode sair e ter doutorado e voltar, mas se não tiver uma ligação política você não trabalha. Desde a primeira eleição, em 94, um presidente nunca completou mandato, ou termina por morte, ou golpe”, explica. Alberto aponta a dificuldade do visto de refugiado no Brasil e destaca que a falta da documentação contribui para que refugiados estejam no trabalho informal e mais vulneráveis a situações de trabalho análogo ao escravo.
Já Ualiid Hussein, da Federação Árabe Palestina no Brasil, partilhou a história dos Palestinos e sinaliza que mesmo com a resolução que define o retorno dos palestinos , ainda não houve efetivação da decisão e nenhuma sanção aplicada em resposta ao não cumprimento. Ualiid destaca que existem cerca de cinco milhões de palestinos espalhados em campus de refugiados. “Em proporção é como se de cada 47 refugiados no mundo, 46 fossem palestinos”, diz.