O tema do Encontro é Igreja e Movimentos Populares: Mutirão por Terra, Teto e Trabalho.

*Por Osnilda Lima | 6ªSSB e Cepast-CNBB

A Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB), que anima e mobiliza a 6ª Semana Social Brasileira* (2020-2023) – juntamente com as Pastorais Sociais e Movimentos Populares –, apoiada no diálogo do papa Francisco com os Movimentos Populares Mundiais, realiza encontros com os Movimentos Populares do Brasil, que atuam com na temática Terra, Teto e Trabalho.

As atividades serão no formato online: no dia 14 de junho, das 9h às 12, o diálogo será sobre a temática Terra. No mesmo dia 14, das 14h30 às 17h, o encontro será referente ao tema Teto. Já no dia 15 de junho, das 9h às 12h o diálogo será acerca do Trabalho. A participação será mediante inscrição, com antecedência. Após a realização dos encontros online, será realizado no dia 31 de julho de 2023, em Brasília (DF), o Encontro Nacional, no formato presencial.

Nessa perspectiva, as Pastorais Sociais e os Movimentos Populares que realizam a 6ªSSB pretendem, com os encontros deste mês junho, realizar uma escuta ampla dos Movimentos Populares, para coletivamente prosseguir na construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos, ação concreta desta sexta edição das SSB’s. E, com isso, atender ao apelo do papa Francisco em sua Carta aos Movimentos Populares, 12 de abril de 2020: “Quero que pensemos no projeto de desenvolvimento humano integral que ansiamos, focado no protagonismo dos Povos em toda a sua diversidade e no acesso universal aos três T’s que vocês defendem: terra e comida, teto e trabalho”.

A realidade Terra, Teto e Trabalho popularizou-se com a insistência do pontífice nos três “T”. “Este nosso encontro responde a um anseio muito concreto, a algo que qualquer pai, qualquer mãe, quer para os próprios filhos; um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza cada vez mais distante da maioria das pessoas: terra, casa e trabalho”, disse Francisco em seu primeiro discurso aos Movimentos Populares, no dia 28 de outubro de 2014, em Roma. No mesmo discurso, o Papa convida: “Digamos juntos de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que provém do trabalho”.

O Papa segue a reafirmar aos Movimentos Populares, em outras mensagens sobre os três “T,s”, que para além do mote de acesso à terra, teto e trabalho, é preciso ir às raízes das principais problemáticas enfrentadas pelas pessoas empobrecidas, que ele chama de “fio invisível”, que conecta todas as formas de exclusão: a desigualdade, a negação de direitos, as guerras, a fome, as migrações forçadas, os refugiados aflitos, o tráfico de pessoas, e a destruição da Mãe-Terra.

Não à economia do descarte

Francisco abraça em suas provocações, preocupações e sugere novas posturas diante do desafio da cultura do descarte e da globalização da indiferença. Nas mensagens, ele deixa claro que essas dificuldades estão estruturadas em um mesmo eixo que é o sistema econômico, político e socioambiental. Diante dessa pesada estrutura sobre as pessoas empobrecidas e vulnerabilizadas, que promove a morte, o Papa é enfático: “Digamos não a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe-Terra”, ressalta o pontífice no segundo discurso aos Movimentos Populares, em 09 de julho de 2015.

Contudo, Francisco não fica em um pessimismo estéril, apocalíptico, mas convida os Movimentos Populares e seguirem como sinais de esperança, ou de esperançar. “Vós, organizações dos excluídos e tantas organizações de outros setores da sociedade, estais chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão a atravessar uma verdadeira crise. Não caiais na tentação da divisória que vos reduz a agentes secundários ou, pior, a meros administradores da miséria existente. Nestes tempos de paralisia, desorientação e propostas destruidoras, a participação como protagonistas dos povos que procuram o bem comum pode vencer, com a ajuda de Deus, os falsos profetas que exploram o medo e o desespero, que vendem fórmulas mágicas de ódio e crueldade, ou de um bem-estar egoísta e uma segurança ilusória”, discurso no terceiro encontro Mundial dos Movimentos Populares, 5 de novembro de 2016, em Roma.

O que são as Semanas Sociais Brasileiras?

As Semanas Sociais Brasileiras são animadas e mobilizadas pela Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB). São processos construídos de forma coletiva com as Pastorais Sociais, Igrejas Cristãs, no diálogo inter-religioso, Movimentos Populares, Associações, Sindicatos e Entidades de Ensino, na pluralidade cultural e étnica do Brasil.

As SSB’s articulam as forças populares e intelectuais para o debate de questões sociopolíticas, socioeconômicas, socioambientais do país, para uma ação Sociotransformadora.

Nesta 6ª edição da SSB – iniciada em 2020 e segue até 2023 – o tema pautado é o “Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho e os eixos: Democracia, Economia e Soberania”, e com a proposta da construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos”, a partir dos acúmulos das cinco edições anteriores, desde 1991.

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