Por Karla Maria / Comunicadora Rede Jubileu Sul
Reconhecer seu território e a partir dele sua própria identidade, sua história, sua vida. Este é um dos objetivos da Oficina Cartografia Social no Território da Cidade de Fortaleza, que acontecerá no dia 26, das 8h às 17h, na Associação Comunitária Dom Aloísio Lorscheider, no Conjunto Novo Perimetral, conhecido popularmente como Gereba, em Fortaleza (CE) e faz parte do projeto “Nós, mulheres na defesa e na luta por direitos”.
Para Cícera Silva, membro do Instituto Negra do Ceará (Inegra), que realiza as oficinas de cartografia com o Grupo de Mulheres do Jangurussu e a Rede Jubileu Sul Brasil, as oficinas de cartografia social buscam o fortalecimento das mulheres, a identificação e a relação delas com a comunidade, promovendo o reconhecimento histórico-social da comunidade.
O Conjunto Novo Perimetral é uma comunidade composta por quatro ruas, localizada dentro do Jangurussu, um bairro marcado pela violência e pela ausência do poder público com projetos e atividades pra comunidade. Um típico bairro de periferia, com problemas de acesso à Saúde, à Educação, falta de opções para compor renda e de lazer para crianças e jovens.
“A comunidade não é reconhecida oficialmente, o que dificulta o acesso dos moradores aos serviços públicos”, diz a professora Cícera. Juliana Araújo, 26, nasceu na comunidade Gereba e é membro do Movimento Social Círculos Populares. Construiu com outras mulheres o Grupo de Mulheres do Jangurussu.
Formada em Administração de Empresas, a jovem acredita que a oficina Cartografia Social será muito importante, porque possibilitará um momento de reconhecimento do território em que vivem. “Será um reconhecimento de resgate da nossa história, tão sofrida e marcada pelo abandono, mas também pra resgatar nosso valor, identificar nossos problemas, evidenciar nossos potenciais, pontos positivos, e a partir daí poder nos organizar e agregar mais pessoas na luta pela reivindicação dos nossos direitos”.
O Grupo de Mulheres Jangurussu é formado Juliana e outras mulheres ligadas à associação de moradores, agentes de saúde, artesãs, costureiras, cabeleireiras, recicladoras, donas de casa, comerciantes. “Tem crescido [o Grupo] e tentado realizar atividades na Associação Comunitária, como oficinas para geração de renda com as mulheres em parceria com instituições comprometidas com o social”, contou Juliana, orgulhando-se da Biblioteca Comunitária, que está em fase embrionária.
A partir do reconhecimento de seu território, e dos problemas de quem ali vive, luta e sonha, as mulheres demarcarão os equipamentos públicos, privados e residências. Construirão também um mapa social a partir de seus sentimentos em relação ao próprio território.
“Esperamos que seja um dia muito alegre, de troca de muitos saberes e fazeres entre nós. Que seja um dia de renovação de nossas esperanças, lutas e sonhos”, disse a professora Cícera, esperançosa.
Tudo está pronto para a oficina, inclusive o hino das mulheres que convoca a todas – com graça – para o trabalho em grupo. “Vamos, mulher. Vamos juntas trabalhar. O Gereba reconhecer, diagnosticar e cartografar’.
O projeto “Nós, mulheres, na defesa e na luta por direitos” ocorre nos territórios de Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, São Paulo e São José dos Campos e tem por objetivo realizar um ciclo de formação e articulação das mulheres nos territórios ao longo de um ano. O projeto é uma realização da rede Jubileu Sul Brasil com apoio do Instituto Irmãs da Santa Cruz, Adveniat, Cafod e DKA.

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