Cristina Fontenele (Especial para Adital)

Milhares de manifestantes têm protestado violentamente nas últimas semanas nas ruas de Porto Príncipe, capital do Haiti, exigindo a renúncia do presidente do país, Michele Martelly, e do primeiro ministro, Laurent Salvador Lamothe. Desde 2010, o país não promove eleições locais e municipais, que deveriam ter acontecido em 2011. Com o objetivo de superar a crise política no país, o primeiro ministro se demitiu neste domingo, 14 de dezembro, juntamente com outros membros do gabinete. A população segue protestando.

A renúncia de Lamothe foi aceita pelo presidente Martelly, que, em comunicado à nação, disse: “eu reconheço sua decisão e o felicito por sua coragem”. O primeiro ministro, que assumiu o cargo em 2012 e estava cotado como principal candidato para assumir a Presidência nas próximas eleições, declarou: “deixo o cargo de primeiro ministro com a sensação de trabalho cumprido”.

2014_12_haiti_lamothe_telesur
Primeiro ministro Laurent Lamothe

Apesar da renúncia de Lamothe, os protestos no país continuam. As manifestações estão sendo organizadas pelo partido de oposição Familia Lavalas, liderado pelo ex-presidente haitiano Jean Bertrand Aristide, que também responde a processo judicial por suspeita de corrupção, quando então presidente do país.

A polícia haitiana, auxiliada pelas forças da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah), tem combatido os protestos com gás lacrimogêneo e tiros para cima. Os manifestantes revidam com lançamento de pedras, garrafas de vidro, pedaços de metal, ateando fogo em pneus e montando barricadas em vários pontos da cidade. Os embates já deixaram um homem de 30 anos morto com um tiro. A população acusa a polícia pela morte do rapaz e as tropas da ONU de reprimirem o povo haitiano. Os manifestantes reforçam o pedido de retirada das tropas do país.

Veja um vídeo das manifestações:

 
Há mais de três anos sem convocar eleições, Martelly é acusado pela oposição de querer instaurar uma ditadura no Haiti. Os mandatos de um terço dos senadores já expiraram em maio de 2012 e, em janeiro de 2015, um segundo terço dos senadores e deputados ficarão sem cargos. Já o mandato presidencial se encerra em 2016. Se as eleições não forem realizadas antes de 12 de janeiro de 2015, o Parlamento será fechado e Martelly terá de governar por decreto.
Em junho deste ano, o presidente havia assinado um decreto convocando eleições para 26 de outubro, na qual seriam eleitos 20 senadores e 112 deputados, mas que foram, oficialmente, adiadas por dificuldades de organização.
informador.com.mx

Deixe um comentário