Sabemos que devem estar acompanhando as notícias sobre a PEC 215 e os absurdos que estão acontecendo.

Partilhamos com vocês esta  situação tensa que está em Brasília.Semana passada esteve uma delegação de 45 indígenas do Tocantins com o objetivo de impedir a votação da PEC 215 e se manifestar contra a indicação da Kátia Abreu para o ministério de agricultura.  Graças a Deus eles  conseguiram que a votação da PEC 215 não acontecesse na primeira semana de dezembro.

E agora esta semana a pressão dos ruralistas é grande para votá-la, estava prevista a votação para terça-feira (16), o seja ontem, mas como está em Brasília uma delegação de mas de 100 indígenas e se mobilizaram e conseguiram adiá-la. O deputado Afonso Florence, presidente da Comissão Especial da PEC 215, foi pessoalmente anunciar aos indígenas que indeferiu o pedido para que a reunião acontecesse. “Essa PEC não é aprovada pela maioria do povo brasileiro, não convém aos povos indígenas e com a minha presidência, não será aprovada no final do ano atropelando o regimento”, disse Florence. Apesar do posicionamento público de Florence, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, afirmou ontem à noite durante plenária que a reunião da PEC entraria em  pauta nesta quarta-feira (17/12).

Os indígenas são de todas as regiões do país. Do Tocantins foram duas lideranças do povo Xerente,  já que, eles estiveram em Brasília recentemente.

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Esta reunião dos indígenas  em Brasília é para se organizar e planejar estratégias para 2015 e para evitar a votação da PEC 215, que neste momento é a mas perigosa. Mas como a pressão dos ruralistas é tão grande eles estão fazendo de todo para votar essa maldita PEC 215 ainda neste ano. E conseguiram que o presidente da Câmara colocasse ela em votação hoje às 9:00. Hoje de manhã já os indígenas estavam chegando à Câmara dos Deputados, porém os ônibus estavam sendo impedidos de chegar, tinha muito policiamento e o número de policiais foi redobrado para impedir aos indígenas chegarem perto. Eles estavam tentando chegar, estavam dançando e cantando e fazendo rituais frente à Câmara. Ficamos sabendo que somente deixaram entrar umas 10 lideranças indígenas à votação. A votação desta manhã foi cancelada e o presidente da Câmara garantiu que vai deixar a votação da PEC para  2015, porém, os indígenas continuam lá fora em vigília, pois não se pode confiar na palavra destes senhores, pois ontem, já tinha sido cancelada e às 21:00 a PEC foi à votação de novo. Deus ajude de que a PEC 215 não entre na pauta ainda hoje na calada da noite.

Ontem 06 indígenas foram detidos e até agora à tarde estão presos, a assessoria jurídica do CIMI está trabalhando para a liberação deles. Também ontem vários indígenas foram agredidos e espancados, entre eles, algumas mulheres indígenas. Uma das mulheres agredidas foi Elza uma indígena do povo Xerente do Estado do Tocantins que está participando das mobilizações. Ela está bem, graças a Deus, assim como também os outros indígenas.

Infelizmente os indígenas estão sendo criminalizados por defender o que por direito é deles: seus territórios. Mas pese as enormes dificuldades continuam firmes.

Por enquanto ontem tivemos uma vitória, a PEC não foi votada. E o presidente da Câmara prometeu que vai deixar somente para 2015. Mas não podemos confiar totalmente. A maioria de indígenas estão voltando para suas regiões, e está ficando um grupo para vigiar ainda a movimentação da Câmara ainda hoje, que é o último dia de sessões. Esperamos que cumpra a promessa. O presidente da mesa também diz que ele não vai votar a PEC 215.
Mas agora temos uma preocupação a mais, nesta mobilização foram detidos 05 indígenas e estão presos, desde terça-feira (16/12), e estão sendo acusados de tentativa de homicídio. Os indígenas David Martim Guarani, Cleriston Tupinambá, Tucuri Santos Pataxó Alessandro Terena, Claudenir Terena e Idalino Kaingang, eles foram detidos e acusados de terem ferido policiais militares. As prisões foram feitas horas depois dos acontecimentos da manhã, em uma ação arbitrária que identificou aleatoriamente os indígenas como agressores. A assessoria jurídica do CIMI está acompanhando o caso, mas necessitamos apoio a estes indígenas que por defender seus direitos estão sendo injustamente acusados.
A mídia não noticia as agressões que os indígenas sofreram por parte da polícia legislativa e também não noticiou com a mesma medida todo o aparato repressivo que foi instalado esta semana para defender ruralistas e incriminar aos indígenas por defender os seus direitos que estão garantidos na CF/1988 e que os grupos de poder querem derrubar e acabar.
Mas os povos indígenas continuam firmes pese a todas estas arbitrariedades e injustiças defendendo seus direitos e territórios, e nesta luta contra o agronegócio e este modelo mercantilista, também eles estão defendendo o nosso futuro.
Continuaremos em contato, e uma vez mas agradecemos o carinho e solidariedade com os povos indígenas. Mercerdes Souza diz que a solidariedade é a ternura dos povos, e é nessa certeza que continuamos na luta.

Sara Sanchez (CIMI GOTO)

Fonte: CIMI

Este post tem um comentário

  1. Geoffrey

    Creio que todos os que acompanharam e participaram do processo que mobilizou a comunidade brasileira nas últimas semanas, ficaram surpresos com o resultado positivo. A maioria com certeza dirá que é cedo para comemorações, mas da forma como o governo PT vem conduzindo a questão indígena nos últimos anos, para mim foi mais do que um suspiro de alívio. Foi um grito de vitória!

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