Com representantes do México, Filipinas, Índia, Peru, Cuba e Brasil a rede Jubileu Sul Américas realizou na manhã de ontem (8) a oficina “Mudanças Climáticas”, tendo como foco os processos de endividamento que perpassam a questão do clima atingindo as populações em vários aspectos. A oficina aconteceu dentro da programação da Cúpula dos Povos que está sendo realizada em Lima, Peru.
Falsas solução para o clima; REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal); casos das comunidades afetadas por grandes projeto no Peru, como em Cajamarca e Cañaris; militarização; soberania alimentar; e formas de luta e resistência foram alguns dos temas destacados pelos participantes.
Lourdes Contreras, da Marcha Mundial de Mulheres – Peru, disse que a perseguição em Cajamarca é constante. Levando em consideração que o Peru é uma das regiões com maior número de conflitos por conta do investimento em mineração, a articulação dos movimentos precisa se dar de forma unitária. “Nossa luta não é somente de um pequeno grupo. É de todos, campesinos e campesinas, envolvidos na questão de gênero, lésbicas, trans…toda a comunidade precisa estar forte”, falou.
Por diversas razões, inclusive geográficas, Filipinas é um dos países mais afetados pela crise do clima. É o que fala Anna Mae, representante do Jubileu Sul Ásia Pacífico, exemplificando que as tormentas que ocorrem no país afetam diretamente a população. “Temos que romper com certas informações. É preciso que se entenda que a questão da justiça climática não é uma caridade. É uma dívida ecológica que precisa ser reparada”, falou.
De Cañaris, distrito em plena resistência contra projeto mineiros no Peru, Marcelina Huamán conta como a comunidade até hoje luta para que tenha seu direito ao território livre de mineração garantido. Depois de muitos conflitos, consultas feitas pelos próprios moradores, se conseguiu impedir o avanço de projetos. Mas a ameaça é constante.
Martha Flores, do Jubileu Sul Américas, ressaltou que é importante, dentro de todo o contexto de endividamento, termos a consciência de que os povos são os verdadeiros credores. A financeirização da natureza vai repercuti em várias frentes: desde o envolvimento dos Governos nas tomadas de decisões que permitem o lucro ao invés da vida, até a continuação do processo que chega com a militarização e novas formas de colonização.
“Somos nós, os povos, que temos que decidir o que comer, quando comer e como comer. Existem mecanismos colocados em prática por governos e empresa que nos impede disso. Estas dívidas foram contraídas de forma ilegal, esse mecanismo de dominação está pensando para ser uma coisa que nunca será paga. O que estamos pagando são juros de uma dívida que só vai aumentar e que não nos pertence”, indicou.