Há 100 anos, os Estados Unidos inauguravam a primeira invasão militar no Haiti. Desde então, o país – contraditoriamente o primeiro latino-americano a fazer uma revolução – sofre consequências severas que se acumulam, que se desdobram em novos modelos de colonização, que são questionados todos os dias pelos povos. É neste marco dos 100 anos, no marco de mais 11 anos de ocupação da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, Minustah, que a capital Porto Príncipe realiza a partir de amanhã, 16 de julho, o Colóquio Internacional pelo Fim da Ocupação no Haiti.
Com apoio e participação de movimentos sociais de vários países, o Colóquio é realizado pelo Partido de Reagrupamento Socialista por uma Nova Iniciativa Nacional e pela Plataforma Haitiana de Ação por um Desenvolvimento Alternativo. Durantes estes dias, serão muitos os assuntos a serem debatidos: as dívidas odiosas históricas cujas consequências são sentidas até os dias atuais; a solidariedade vinda de vários continentes que pedem a retirada das tropas do país; a recolonização a que está sendo submetida a população haitiana; o alinhamento das lutas anti-imperialistas; etc.
O Colóquio tem como objetivos: o fortalecimento de uma massa crítica das organizações haitianas, que nunca deixaram de lutar contra a ocupação da Minustah; Informar as organizações haitianas sobre as lutas anti-imperialistas no mundo e no Caribe, em particular; Informar às organizações latino-americanas anti-imperialistas e anticolonialistas sobre a realidade dessas lutas no Haiti; Reforçar os laços de trabalho entre os movimentos sociais e políticos haitianos e movimentos anti-sistêmicos na região; Agradecer a todos os/as lutadores/as latino-americanos/as e mundias que realizam ações práticas de solidariedade ao país; E preparar o período de transição com a saída das tropas, já anunciada pelo governo brasileiro, que comanda a missão.
Sobre a atuação contínua dos Estados Unidos, a convocatória afirma que se trata claramente de uma conjuntura de neoliberalismo de guerra, de intensificação da guerra econômica, e cita o recente decreto que declara a Venezuela como ameaça a segurança dos Estados Unidos. “Responde aos avanços dos setores populares mediante uma dinâmica de remilitarização imperial do Caribe e da América Central. Com mais de 50 bases militares em nosso continente, os EUA depois de perderem a batalha da Alca se dedicam à preparação de uma resposta militar à crise atual construindo mais bases militares”, destaca.
Além da conjuntura geral, momento importante do Colóquio serão as discussões e deliberações sobre como estará fortalecido o país depois da saída das tropas da Minustah, anunciada para 2016. Será o povo que, junto, tratará das estratégias que levarão à soberania do país.
Para ler a convocatória clique aqui.
Programação do Colóquio
16 de julho 2015
16h-17h: Cerimônia de Abertura do Colóquio
17h-19h: Fórum público: Análise dos principais desafios coletivos na América Central e Caribe: Nova estratégia de dominação imperial, militarização, acordos de livre intercâmbio, dívida, justiça climática, recolonização e resistência dos Povos da região.
17 de julho 2015
8h-12h: Haiti, situação econômica, política, social, cultural atual e perspectivas das lutas para uma transformação da sociedade em seu conjunto.
• a) A ocupação estado-unidense de 1915 – 1934, Causas, consequências e balanço
• b) Balanço da ocupação das forças da ONU da Minustah (2004 – 2015)
• c) Ocupação de 1915 – Ocupação de 2004: Continuidade e rupturas
• d) As lutas contra a ocupação da Minustah, fortalezas, debilidades e perspectivas
12h-13h: Descanso para almoçar
13h-14h: Balanço do trabalho dos comitês de solidariedade com o Haiti na luta contra a Minustah
14h– 17h: Apresentação do estado das lutas anti-imperialistas e anticoloniais na região e nos diferentes países presentes.
• a) Porto Rico, Martinica, Guadalupe, Guyana, Curazao
• b) Cuba
• c) Venezuela
• d) América Central
• e) República Dominicana
• f) Trinidad e Tobago e Caribe Oriental
• g) Argentina – Uruguai – Brasil
18h-19h: Conferência sobre a caraterização da dominação do imperialismo na região do Caribe e América Latina.
19h-20h. Perguntas – Debates
18 de julho 2015.
8h-12h: Oficinas para o estabelecimento de um plano coletivo para lutar pelo fim da ocupação do Haiti.
• a) Como obter a saída das tropas da Minustah? E em que condições?
• b) Como preparar a transição depois da saída das tropas da Minustah?
• c) A formação de Brigadas de solidariedade e outras formas de presença das forças democráticas regionais em nosso país em áreas chaves: alfabetização, reflorestamento, reforço de um sistema de saúde e de educação pública universal e de qualidade, saneamento e água potável.
• d) O estabelecimento de Tribunais Populares e a luta pelas reparações pelos danos causados ao Haiti pelos 11 anos de ocupação da Minustah.
12h-13h: Descanso para almoçar.
13h-14h30: Apresentação a cargo dos partidos políticos e movimentos sociais haitianos dos principais objetivos da conjuntura política haitiana.
• a) Conjuntura eleitoral e lutas políticas
• b) Movimentos Feministas
• c) Movimentos campesinos
• d) Movimentos Populares Urbanos
• e) Movimentos estudantis e juvenis
• f) Iniciativa del Movimento Patriótico, Democrático, Popular –IMDP-
14h30-17h30: Debates para a adoção de um plano de ação coletiva pelo fim da ocupação e descolonização do Haiti e como estruturá-lo em nível nacional, regional e mundial.
• a) Estruturas nacionais
• b) Estruturas regionais e mundiais. Mecanismos de coordenação
• c) prioridades e programas de ação
17h30-18h30: Cerimônia de encerramento do Colóquio
19h-23h: Atividade cultural.
Por Rogéria Araujo, Rede Jubileu Sul Brasil.