Campanha global propõe corte coordenado nos gastos militares para investir em educação, justiça social, climática e segurança humana

Por Redação – Jubileu Sul Brasil*

Organizações de todo o mundo estão lançando, neste 23 de maio (sexta-feira), a campanha “10% pela Vida”, uma iniciativa global que propõe uma redução coordenada de 10% nos gastos militares globais. O objetivo é redefinir a segurança, deter a corrida armamentista e reinvestir recursos nas verdadeiras necessidades da humanidade. No país, o lançamento da campanha é promovido pela Fundação Rosa Luxemburgo e a Rede Jubileu Sul Brasil também está engajada na iniciativa. Para participar do lançamento virtual inscreva-se previamente clicando aqui.

Dados demonstram que 2024 o mundo atingiu um recorde histórico de US$ 2,71 trilhões em gastos militares — um valor equivalente à soma dos orçamentos anuais de países como África do Sul, Brasil, Canadá e Índia. Essa tendência representa um aumento de 9,4% em relação ao ano anterior, superando inclusive os níveis da Guerra Fria.

Nesse contexto, a campanha destaca um paradoxo alarmante: enquanto os orçamentos para armas aumentam, milhões de pessoas morrem de fome, a crise climática se agrava e o investimento em saúde, educação e moradia continua insuficiente.

Por isso, a campanha “10% pela Vida” propõe uma ação simples, mas de impacto: reduzir os orçamentos militares de todos os países em 10%, o que liberaria aproximadamente US$ 271 bilhões anualmente. Esse valor seria suficiente para:

– Acabar com a fome no mundo
– Financiar metade das necessidades climáticas do Sul Global
– Investir em educação, saúde pública, infraestrutura básica e moradia de acordo com as prioridades locais

O apelo enfatiza que uma redução proporcional não enfraquece a defesa, visto que todos os países manteriam suas capacidades relativas, mas quebraria o ciclo destrutivo da corrida armamentista global.

Segurança real: além das Forças Armadas
A campanha enfatiza a releitura do conceito de segurança, afastando-se de uma abordagem militarizada. Em 2024, 233.000 pessoas morreram em conflitos armados, em comparação com mais de 9 milhões que morreram de fome. Segundo as entidades organizadoras, a verdadeira segurança depende do acesso garantido a alimentos, saúde, terra, moradia, trabalho decente e proteção ambiental.

“Mais armas não significam mais segurança. Em vez disso, investir em cuidado humano e bem-estar cria a base para sociedades mais justas e pacíficas”, enfatiza o documento de lançamento da campanha. “Esta é uma visão coletiva para renegociar nosso futuro. A verdadeira segurança não nasce do medo, mas do cuidado mútuo, da justiça social e do respeito ao planeta.”

A campanha também promove uma estratégia baseada em acordos regionais e tratados multilaterais, inspirada em experiências como os Tratados de Zonas Livres de Armas Nucleares em vigor em regiões como América Latina, África e Ásia Central. Os governos são incentivados a buscar alianças bilaterais, estruturas de cooperação regional e negociações dentro de organizações internacionais, visando construir confiança e viabilidade política.

Reparação histórica
Além disso, o movimento chama atenção para a responsabilidade histórica dos países que mais gastam em defesa. Em 2024, os países da OTAN representaram 55% dos gastos militares globais, com os Estados Unidos liderando, contribuindo com 37%. A campanha defende uma distribuição mais equitativa de recursos, o reconhecimento das diferentes parcelas de responsabilidade e a “adoção de medidas concretas para reparar os danos causados ​​pelos gastos militares excessivos” em regiões mais afetadas pelo militarismo global.

Como participar?
A campanha “10% pela Vida” convida movimentos sociais, cidadãos e organizações a se juntarem a uma rede de ação internacional. A ideia é lançar campanhas locais e regionais, fomentar debates públicos, explorar caminhos de cooperação e pressionar os tomadores de decisão a priorizar a vida em detrimento das armas.

Visite o site oficial da campanha (em espanhol) clicando aqui e saiba como se juntar à rede global. Participe de mobilizações, divulgue em suas comunidades e exija que seus governos reconsiderem suas prioridades.

*Com informações da Fundação Rosa Luxemburgo.

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