Organizadores se reuniram no dia 28/02, para discutir cenário político atual e definir tema principal em 2020.

“Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”. Esse é o lema  do Grito dos/as Excluídos/as este ano. A escolha é uma resposta ao cenário de desmonte de direitos e ao aumento da repressão do Estado contra as populações mais pobres. Mais de 200 atos marcaram as manifestações do Grito no ano passado, que ocorreram entre 5 e 7 de setembro.

Membro da Rede Jubileu Sul Brasil – que reúne diversas organizações na luta contra a exploração financeira praticada por meio da dívida pública, o Grito dos/as Excluídos/as Brasil nasceu em 1995 e, desde então, articula uma das principais mobilizações da semana da Independência do Brasil. A data é simbólica na luta pela soberania popular e conscientização da população sobre os processos de exclusão.

Ari Alberti, membro da coordenação do Grito, explica que a escolha do tema anual dialoga com a conjuntura política, social e econômica do país, com a luta dos movimentos sociais, com a simbologia da data e com a Campanha da Fraternidade – realizada anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no período da Quaresma.

“Este ano, percebemos a forte presença de dois elementos na conjuntura do país: o ódio e a violência. Esses dois aspectos estão refletidos em políticas do governo atual, como a liberação do porte de armas, o aumento da velocidade nas rodovias e a retirada da obrigatoriedade da cadeira para o transporte de crianças nos veículos. Sem contar a violência que representam as reformas que retiram direitos da população mais pobre”, observa.

Mais que um ato, um movimento

Ainda que o sete de setembro seja a data que concentra as principais manifestações, os organizadores fazem questão de enfatizar que o Grito não acontece em apenas um dia, mas é um processo de reflexão que dura o ano todo.

Com isso, o movimento ganha as mais variadas formas em todo país, desde desfiles, eventos culturais, romarias e procissões até atos públicos prévios ao 7 de setembro, além de cursos, seminários e palestras. Uma agenda ampla e diversa, cujo objetivo é dar aos/às excluídos/as do país um lugar de protagonismo na construção plural e igualitária de uma sociedade mais justa.

Ari ressalta o trabalho realizado desde o início do ano para construir um processo coletivo e participativo com o objetivo de disseminar a importância da participação. 

“Temos que deixar de ser plateia e fazer parte da tomada de decisões a respeito do nosso país. A primeira parte do lema deste ano expressa nosso basta à miséria, à repressão e ao preconceito contra as populações negras, lgbt, mulheres e todos os demais grupos oprimidos da sociedade. A segunda parte convoca a população para uma ação coletiva por direitos. E queremos dialogar e estar junto com os movimentos locais para fazer esse debate. Mais do que nunca precisamos estar articulados.”

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