Por Maria Teresa Pontara Pederiva, publicada por Vatican Insider
Tradução é de Luisa Rabolini.Uma parte considerável da ilha principal de Fiji, Viti Levu, de pouco mais de 10,3 mil km quadrados, está prestes a ser submersa devido ao aumento constante do nível do mar devido às alterações climáticas. Os efeitos são devastadores para a população: a floresta, fonte de vida, recua diante das inundações de água salgada e os rios, que alteraram ecossistemas milenares, já não são mais habitat favorável para os peixes, a primeira fonte de alimento. Monsenhor Chong fala de “uma questão de sobrevivência”, e pede ajuda em nome dos habitantes tão severamente afetados e em contínua situação de emergência.
Tradução é de Luisa Rabolini.Uma parte considerável da ilha principal de Fiji, Viti Levu, de pouco mais de 10,3 mil km quadrados, está prestes a ser submersa devido ao aumento constante do nível do mar devido às alterações climáticas. Os efeitos são devastadores para a população: a floresta, fonte de vida, recua diante das inundações de água salgada e os rios, que alteraram ecossistemas milenares, já não são mais habitat favorável para os peixes, a primeira fonte de alimento. Monsenhor Chong fala de “uma questão de sobrevivência”, e pede ajuda em nome dos habitantes tão severamente afetados e em contínua situação de emergência.
É uma autêntica crise ecológica que está se abatendo – no silêncio da maioria dos meios de comunicação – sobre o arquipélago do Pacífico Sul, que inclui 330 ilhas, um terço das quais são desabitadas, uma área total de 18.30 km quadrados. As duas principais ilhas, Viti Levu e Vanua Levu, hospedam cerca de 87% da população que chega perto de 900.000 pessoas. Mais de metade vive na ilha maior, sede da capital da República independente desde 1987, Suva, que corre o risco de ser submergida pelo oceano nos próximos anos (estima-se, no máximo, 50).
“Podemos constatar isso dia após dia com os nossos olhos”, disse o arcebispo referindo-se à elevação do oceano e da necessidade urgente de transferir para outros lugares os habitantes. “Este não é um evento extraordinário, fruto de uma calamidade natural súbita, mas é um dado de realidade: no futuro próximo todas as pessoas que vivem em aldeias na costa serão forçadas a sair devido à elevação do nível do mar. Todos os habitantes das ilhas do Pacífico sofrem com o impacto da mudança climática“.
Uma declaração que lembra o que denunciaram nos últimos anos também os muitos missionários que trabalham nessas áreas: como o apelo humanitário lançado em 2012 pelos jesuítas para o arquipélago de Kiribati (a norte das Fiji) de cujas ilhas, onde centenas de pessoas ainda hoje continuam a procurar, com extrema dificuldade, um novo lugar para se instalar e seu número vai se somando aos dos migrantes em nível planetário.
O arcebispo Chong explicou que as autoridades já tomaram a decisão de evacuar a população de aldeias inteiras da costa para áreas internas, incluindo morros e regiões montanhosas. “O Governo das Fiji identificou essas aldeias como sensível aos efeitos das mudanças nos próximos 5-10 anos: uma aldeia na província de Bua já foi transferida para Yadua e já está ponto o plano para evacuar logo a aldeia de Tavea”.
“Como posso dizer à minha gente que eles precisam se acostumar a viver com tudo isso? As pessoas choram em desespero: quem vai secar essas lágrimas?” é a pergunta do prelado, que acrescentou: “É uma questão de respeito com Deus e sua criação: é preciso aliviar a dor daqueles que sofrem.”
Peter Loy Chong, nascido em 1961 na pequena ilha de Natovi, estudou em Berkeley e é bispo das Fiji desde 2013, escolheu como lema pastoral “Ser Igreja no mundo“: com o seu apelo parece ter a intenção de colocar sobre a mesa o significado dessa expressão. E na véspera da Jornada Mundial de Oração pela criação instituída pelo Papa Francisco, as suas declarações representam um aviso à consciência de todos os cristãos chamados por Bergoglio à responsabilidade de cuidar da “casa comum“: “Nada deste mundo nos é indiferente” (LS 3) em vista da “relação íntima entre os pobres e fragilidade do planeta” (LS 16).
Aludindo justamente à encíclica social de 2015, a Laudato si’ o Arcebispo conclui: “A criação é um dom, mas ao mesmo tempo é uma responsabilidade que Deus nos confiou e da qual devemos tomar conta”. Incluindo os migrantes ambientais, porque são muitos aqueles que nos últimos anos – na África, Ásia, Oceania – são forçados a se deslocar da própria terra, que se tornou inóspita por causa das mudanças climáticas: são e serão os mais vulneráveis que terão que pagar as consequências mais pesadas, os cientistas continuam a nos repetir.
É de meados de agosto, a publicação de um estudo da Academia Nacional das Ciências dos EUA (PNAS): a terra está se direcionando para um ponto de não retorno, se não forem tomadas medidas coletivas para combater o aumento de gases de efeito estufa. Os efeitos da mudança climática estão se tornando cada vez mais presentes em todas as partes da terra (temperaturas excepcionalmente altas no Canadá, Reino Unido, Noruega, Suécia, Finlândia, Japão, chuvas excepcionalmente intensas na Índia, Vietnã, Malásia, Filipinas, Japão, aceleração da desertificação na África); se para todos é uma grave responsabilidade em não reconhecer isso, para os cristãos se torna também um pecado de omissão.
“Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã”, continua a Laudato si’ (LS 217). “Exige-se ter consciência de que é a nossa própria dignidade que está em jogo. Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder” (LS 160).