Durante o lançamento foi proposta a discussão acerca da relação do endividamento do país causado pela ditadura militar

Por Isabela Vieira*, com informações de Ada Ponte

O lançamento do livro “Brasil, 200 anos de (in)dependência e dívida: o endividamento marca nossa história e perpetua desigualdades sociais” foi lançado em Fortaleza (CE) no último 31 de março, numa parceria entre a Rede Jubileu Sul Brasil e o Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria, que atua no fortalecimento das organizações de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Os lançamentos começaram em dezembro do ano passado, com encontros e debates presenciais com os autores/as nas cidades de Belo Horizonte (MG), Itapipoca (CE), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Crato (CE) e São Paulo (SP). 

A obra reúne artigos e conta com diferentes temas que relacionam as dívidas sociais e históricas com os acontecimentos no Brasil ao longo dos 200 anos de independência. Durante o lançamento realizado em Fortaleza, foi proposta a discussão acerca da relação do endividamento do país com a ditadura militar, colocando em destaque a forma com que a dívida pública foi se constituindo, o papel das instituições financeira multilaterais, as tragédias do povo trabalhador, a relação desses acontecimentos com as mudanças climáticas e o papel das mulheres em todos esses processos. 

Foto por Ronildo Mastroianni Ferreira

Os três lançamentos do livro no estado do Ceará ocorreram nas Universidades Federais do Estado, nos municípios de Itapipoca e Crato e, mais recentemente, em Fortaleza, no Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC-Sindicato), visando tornar o conhecimento e o diálogo sobre os temas mais acessíveis à população em geral. 

Para a educadora feminista do Esplar, a advogada Magnólia Said, é muito importante manter esse tipo de debate ao alcance de todos. “São espaços que aglutinam a formação de pensamento crítico, onde docentes, discentes e movimentos sociais se encontram em torno de um tema que, até então, era de propriedade de economistas e do mercado”, afirma. 

O articulador do Cone Sul, Francisco Vladimir, enxerga o livro como base para a formação de quem está no cotidiano das organizações, lutas nacionais, regionais e territoriais e fala sobre a importância do lançamento na capital cearense. “Trazer o lançamento para Fortaleza é confirmar que as palavras escritas neste livro são das lutadoras e lutadores, que, desde muito tempo, lutam por direitos”, afirma. 

Foto por Ronildo Mastroianni Ferreira

Ao longo do evento, que teve a participação de Marciane Tapeba, liderança indígena e militante pela demarcação territorial, também foram discutidos os impactos desses 200 anos na realidade dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

André Lima, um dos autores da obra, esteve presente em Fortaleza e contou que o encontro em prol da publicação também chamou a atenção de movimentos que não são da capital do Ceará. “O lançamento do livro foi muito positivo por termos a presença de movimentos, entidades e coletivos, inclusive, de fora de Fortaleza”, finaliza o economista.

*Com supervisão de Flaviana Serafim

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