Foi lançado ontem (13), no Rio de Janeiro, RJ, uma publicação sobre o estudo de caso Ambientalismo de Espetáculo – Economia verde e o mercado de carbono no Rio de Janeiro. O trabalho foi elaborado pela economista, colaboradora do Instituto Politicas Alternativas para o Cone Sul (Pacs) e integrante da Rede Jubileu Sul Brasil, Fabrina Furtado. Mais de setenta pessoas do Brasil e de outros países da América Latina participaram do lançamento que contou com a presença de debatedores como Rodolfo Lobato, dirigente da Articulação das Populações Atingidas pela TKCSA; Pablo Salon, ex-embaixador da Bolívia na ONU e diretor executivo da ONG Focus on the Global South; Beverly Keene, do Diálogo 2000 e Jubileu Sul Argentina; Henri Acselrad, professor do Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da UFRJ
O trabalho tem a tarefa de tornar pública uma visão crítica sobre as novas fronteiras de acumulação da economia capitalista em um lugar privilegiado. Tem o foco nos impactos causados pela Companhia Siderúrgica do Atlântico – TKCSA) – e sobre a Bolsa de Ativos Ambientais do Rio de Janeiro (BVRio), esse último tem um destaque especial, mostrando que através dessa bolsa a Baía de Sepetiba e Guanabara passam a ter um preço.
Sandra Quintela, coordenadora do Jubileu Sul Américas e do Pacs, abriu o evento dizendo que, além de fazer a denúncia e provocar um estudo, o objetivo dessa pesquisa é realizar uma homenagem aos companheiros e companheiras atingidos e atingidas pela TKCSA em Santa Cruz, Rio de Janeiro.”Esperamos que realmente esse estudo sirva para contribuir na formação e nos impulsione na luta, nas ações das comunidades”, disse Quintela.
Já Fabrina Furtado disse que o trabalho tem como base e termos metodológicos entrevistas com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado e Município, como também as experiências de resistência dos moradores de Santa Cruz. “Percebemos que com a Bolsa há grandes semelhanças com o mercado financeiros, em vez de superar dependências em atividades poluidoras. Em nenhum momento se questiona quem compra créditos – o direito de poluir; não se questiona como são reduzidas as emissões de gás de carbono”, afirmou a economista que seguiu questionando como a TKCSA pode ser premiada pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), lembrando que o Conselho é parte da Conversão-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMCO).
Fabrina terminou sua apresentação com o texto de um dos moradores de Santa Cruz: “Gostaria de dizer para a presidência, para o Minc e para os diretores da TKCSA: venham para a minha casa, venham passar uns dias aqui embaixo dessa poluição. Quero ver se vocês aguentam uma semana aqui”.
TKCSA – ThyssenKrupp CSA
Situada na zona Oeste do Rio de Janeiro, é uma das maiores siderúrgicas do Brasil e da América Latina. É alvo de várias denúncias de violações de direitos e conflitos socioambientais.
Denúncia
Desde 2005 moradores, pescadores da Pedra de Guaratiba, além de movimentos sociais e pesquisadores denunciam o processo de instalação do complexo siderúrgico da TKCSA na Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro. As denúncias englobam: ameaças às lideranças contrárias ao projeto, violações aos direitos trabalhistas e ilegalidade ao processo de licenciamento gerando agressões ambientais e à saúde da população. Registra-se também o aumento em 72,02% da emissão de CO2 no município do Rio de Janeiro, lançando doze vezes mais gás poluente do que toda a indústria já instalada.
A publicação é do Instituto Politicas Alternativas para o Cone Sul (Pacs) com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo. Os interessados em adquirir a pesquisa, podem entrar em contato com a secretaria do Pacs, através do telefone (21) 2210 2124.