Super ricos aumentaram fortuna em 114% no período, ao mesmo tempo que quase 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres em todo mundo, aponta o relatório ‘Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública

Por Redação – Jubileu Sul Brasil, com informações da Oxfam

US$ 14 milhões acumulados por hora de 2020. Foi assim que os cinco homens mais ricos do mundo dobraram suas fortunas – um aumento de 114%, de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões. Ao mesmo tempo, 60% da humanidade – quase cinco bilhões de pessoas – ficaram mais pobres no período. É o que aponta o relatório Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública, novo estudo da Oxfam, apresentado neste 15 de janeiro durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, que ocorre na Suíça. 

A maior parte dessa riqueza está concentrada nas mãos de bilionários do Norte Global e das grandes companhias multinacionais. Essas empresas e os demais bilionários atuam evitando o pagamento de impostos, contribuem para o colapso climático e pressionam a privatização de serviços públicos. 

A fatia de serviços essenciais movimenta trilhões de dólares e são oportunidade de geração de lucro e riquezas para os que já são super ricos: “O Banco Mundial e outros atores envolvidos no financiamento do desenvolvimento deram prioridade à prestação de serviços privados, tratando os serviços básicos, na prática, como classes de ativos e usando dinheiro público para garantir retornos às empresas em vez de direitos humanos”, denuncia o informe. 

Monopólio do poder

Ao comentar os resultados do relatório no site da organização, a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia afirma que “o poder corporativo e monopolista desenfreado é uma máquina geradora de desigualdade”. 

Segundo Katia, “as empresas estão canalizando a maior parte da riqueza gerada no mundo para uma ínfima parcela da população, que já é super-rica. E também estão canalizando o poder, minando nossas democracias e nossos direitos. Nenhuma empresa ou indivíduo deveria ter tanto poder sobre nossas economias e nossas vidas. Ninguém deveria ter um bilhão de dólares!”, completa. 

No caso do Brasil, Katia Maia alerta para a questão racial no quadro de desigualdades: “No Brasil, a desigualdade de renda e riqueza anda em paralelo com a desigualdade racial e de gênero – nossos super-ricos são quase todos homens e brancos. Para construirmos um país mais justo e menos desigual, precisamos enfrentar esse pacto da branquitude entre os mais ricos.”

Desigualdade em números

Entre alguns dos dados destacados, o estudo mostra que:

  • Se cada um dos cinco homens mais ricos gastasse um milhão de dólares por dia, eles levariam 476 anos para esgotar toda sua fortuna combinada;
  • O 1% mais rico do mundo tem 43% de todos os ativos financeiros globais; 
  • O 1% mais rico do mundo tem 43% de todos os ativos financeiros globais;
  • Em termos globais, os homens possuem 105 trilhões de dólares em patrimônio a mais do que as mulheres – a diferença é equivalente a mais de quatro vezes a economia dos Estados Unidos;
  • Sete em cada dez das maiores empresas do mundo têm bilionários como CEOs ou principais acionistas;
  • Apenas 0,4% das mais de 1.600 maiores e mais influentes empresas do mundo se comprometeram publicamente com o pagamento de salários dignos seus trabalhadores e apoiam isso em suas cadeias de valor; 
  • Levaria 1.200 anos para uma trabalhadora do setores de saúde ganhar o que um CEO de uma das 100 maiores empresas da lista da Fortune ganha em média por ano.

Outra economia, possível para todos

“No ritmo atual, serão necessários 230 anos para acabar com a pobreza, mas poderemos ter o nosso primeiro trilionário em 10 anos (…) Para acabar com a desigualdade extrema, os governos terão que redistribuir de forma radical o poder dos bilionários e das grandes empresas às pessoas comuns”, aponta o estudo. 

Por isso, ao pontuar os rumos a uma economia para todos, o relatório Desigualdade S.A. destaca como o primeiro passo “elevar radicalmente o patamar da igualdade no mundo em níveis nacional e global; em segundo, conter o poder das grandes empresas e construir economias para todos, e não economias que procuram recompensar apenas os mais ricos”.  A análise destaca ainda o papel dos governos de todo o mundo na implementação de medidas concretas para redução das desigualdades. 

A redução desse fosso de desigualdade entre os super ricos e pobres é apontada como essencial para “garantir uma vida boa para todos em planeta que floresça, não ter que lutar pela sobrevivência”

Confira a íntegra do relatório:

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