Mobilização liderada pelo Jubileu Sul/Américas reivindica sanção e reparação aos crimes cometidos pelo Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial
Por Redação – Jubileu Sul Brasil
A Rede Jubileu Sul/Américas (JS/A) e suas entidades membros, entre as quais a Rede Jubileu Sul Brasil, está lançando a campanha internacional “Fora FMI-Banco Mundial”, no ensejo dos 80 anos de criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que se completam em julho próximo. Estão previstas uma série de atividades ao longo do ano, numa mobilização que envolve sobretudo organizações e movimentos populares da América Latina e Caribe.
A Rede JS/A chama à união de forças “numa campanha renovada, ampla e aberta para pôr fim à ação criminosa do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), reforçar a resistência às suas políticas e práticas, impedir que continuem a avançar com a sua agenda ‘verde’ de financeirização e apropriação da natureza, rumo à sanção e reparação dos crimes” cometidas pelas duas instituições financeiras multilaterais.
Junte-se à campanha internacional incluindo a assinatura de sua organização:
https://bit.ly/3vPzoLa
Confira abaixo a chamado ao engajamento na campanha e à coleta de assinaturas (versão do texto em espanhol, inglês e francês disponível clicando aqui)
80 anos de miséria, devastação e dívidas – Reparações já!
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) completam 80 anos em julho de 2024. Uma vida inteira ao serviço do capitalismo patriarcal e racista, cada vez mais concentrado, empobrecendo as pessoas e devastando a natureza e o clima. 80 anos de políticas antidemocráticas e impunes, a favor do sistema de dívida especulativa e perpétua, do poder americano e “ocidental”.
Ajustes e miséria planejada, golpes de estado e regimes ditatoriais, dívidas ilegítimas e odiosas, apropriação neocolonial de territórios, corpos e bens comuns, promoção de combustíveis fósseis (convencionais e não convencionais) e extrativismo ilimitado, guerras, militarização e repressões, exílios de populações e as migrações em massa são apenas uma pincelada do seu legado.
Por trás de um discurso aparentemente “técnico” cheio de supostas boas intenções, como “ajuda”, “desenvolvimento”, “estabilidade”, até mesmo a “inclusão” de mulheres e povos indígenas e afrodescendentes, o FMI e o BM têm desempenhado um papel central na promoção da globalização corporativa e financeirizada e na consolidação de uma arquitetura financeira internacional em sintonia com o modelo excludente, privatizante e saqueador que impõem, gerando uma imensa dívida histórica, social, ecológica, econômica e cultural com os povos e natureza.
Como se tudo isto não bastasse, face ao avanço do grande capital privado e ao aquecimento climático, o FMI e o BM pretendem assegurar um mandato reforçado que os posicione na corrida para mercantilizar e se apropriar de toda a natureza, terrestre e marinha – a água, o ar, a biodiversidade, as florestas, os solos e os minerais -, em prol da transição energética corporativa e financeirizada e de uma chamada “economia verde”. Por detrás de novos esquemas de “alívio” e “troca” da dívida – para a saúde, o clima, a natureza ou o que quer que seja – procuram garantir que as antigas relações de poder permanecem intactas.
Basta! Chega de falsas soluções! Apelamos à soma de forças em todo o mundo, das pessoas e da natureza mais afetadas pelas suas políticas e condições, para pôr fim à ação criminosa do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e à dívida ilegítima que eles geram.
No meio de uma crise social, ecológica, econômica e política, provocada e agravada pelo mesmo modelo que promovem juntamente com os seus donos do G7 – o grupo dos 7 países mais ricos -, é necessário unir forças para os impedir de continuar a violar as nossas vidas e direitos e os da natureza, garantir que sejam punidos e os seus múltiplos crimes reparados.
Apelamos, portanto, à união de forças promovendo uma campanha ampla e aberta, articulando ações em cada uma das nossas localidades e movimentos, países, redes, organizações, regiões e à escala global. Vamos expor estes 80 anos de ação criminosa por parte do FMI, do BM e dos seus beneficiários. Fortalecemos, desta forma, a resistência aos seus planos e projetos em curso. Coordenemos iniciativas em busca das reparações devidas e mobilizando apoios para a construção de alternativas ancoradas na soberania e na autodeterminação popular, nos direitos dos povos, da natureza e no bem viver.
Fora o FMI-BM! Reparações já por 80 anos de miséria, devastação e dívidas!