Pastorais, Igrejas e Movimentos Populares laçam “Carta Compromisso” ao concluir debates na Tenda Bem Viver, na Paróquia do Redentor da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, em Porto Alegre (RS)

Participantes da Tenda Bem Viver, em Porto Alegre (RS), atividade inserida no Fórum das Resistências 2022 | Foto: Tiago Greff

As Pastorais, Igrejas e Movimentos Populares que realizaram a Tenda Bem Viver, em Porto Alegre (RS), atividade inserida na programação do Fórum Social das Resistências, de 26 a 30 de abril, de 2022, lançaram a Carta Compromisso, à luz dos debates realizados: acesso a terra, trabalho, moradia, educação libertadora e por uma prática religiosa sem fundamentalismos.

As organizações que realizaram a Tenda Bem Viver são: 6ª Semana Social Brasileira, Pastorais Sociais da Igreja Católica, Pastoral Popular Luterana, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Centro de Estudos Bíblicos (RS), Comunidades Eclesiais de Base (RS), Movimento Fé e Política, Cáritas Brasileira Regional Rio Grande do Sul, Grito dos/as Excluídos/as Continental, Conselho Indigenista Missionário, Comissão Pastoral da Terra, Comissão Brasileira Justiça e Paz, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (RS), Fórum Inter-religioso e Ecumênico (RS), Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, Rede Jubileu Sul Brasil e Pastoral Operária.

Abaixo, a íntegra da Carta Compromisso:

FÓRUM SOCIAL DAS RESISTÊNCIAS

Carta da Tenda Bem Viver

Porto Alegre, 27 de abril de 2022.

Por ocasião do Fórum Social das Resistências, de 26 a 30 de abril, na cidade de Porto Alegre (RS); Pastorais, Igrejas e Movimentos Populares, promoveram a Tenda Bem Viver: Mística e Resistência dos Povos,em comunhão com o tema da 6ª Semana Social Brasileira Mutirão pela vida: por Terra, Teto e Trabalho.

A Tenda foi alargada com as experiências de militantes e organizações que refletiram sobre: conflitos no campo, bem viver e justiça econômica, educação que liberta e religião: comunidades e fundamentalismos.

Os conflitos no campo aumentaram sistematicamente nos últimos anos, com um maior assento durante o governo Bolsonaro, que promove a cultura do armamento e da violência no campo, com “autorização para matar”. Por isso, denunciamos os 1.768 conflitos no campo brasileiro, em 2021, com 35 assassinatos, que envolveram povos indígenas, quilombolas, sem terra e todas as comunidades tradicionais.

Denunciamos e exigimos justiça para o recente caso da criança Yanomami, de 12 anos, estuprada e assassinada por garimpeiros, nas comunidades Aracaça, em Amajarí, no norte de Roraima.

A economia dirigida pelo modelo capitalista está pautada no latifúndio, trabalho escravo e exportação de recursos naturais, no campo e na cidade. Este sistema “exclui, degrada e mata”, disse o papa Francisco. Necessitamos refletir para sair de uma economia mercantil, financeirizarada, pautada na dívida pública que gera dívidas sociais, para uma economia comunitária, socioecológica, que promova a ecologia integral. Denunciamos a concentração de renda nas mãos de poucos, enquanto 19 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome, e mais da metade da população vive com insegurança alimentar.

E educação pública brasileira sofreu cortes de verbas, que implica diretamente na vida de crianças, adolescentes e jovens, com limitações na aprendizagem e evasão escolar. Destacamos a necessidade de fortalecer uma educação popular libertadora, para reduzir as desigualdades no contexto da pandemia.

Acreditamos que para superar a absurda desigualdade que estamos imersos, é necessário garantir o acesso e as condições adequadas a terra, teto e trabalho. Por isso, queremos construir o projeto popular para o país; O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos, a partir da participação e inspiração na democracia que inclui, economia que gera vida e a soberania de um povo plural.

Por isso, conclamamos as companheiras e companheiros na luta, para alargar a Tenda Bem Viver, no mutirão pela vida, na construção do Brasil que queremos, com direito e acesso a terra, teto e trabalho.

Nos comprometemos:

– Apoiar a Campanha Contra a Violência no Campo, promovida pelas pastorais e movimentos do campo;

– Apoiar a luta dos povos indígenas, pela demarcação de suas terras e possibilidades para trabalharem na terra;

– Apoiar a iniciativa da Frente Nacional Contra a Fome e Sede;

– Promover a economia de Francisco e Clara nos espaços comunitários, em comunhão com a economia popular solidária e agroecologia;

– Lutar contra as privatizações das estatais e serviços públicos, para assegurar as políticas públicas que auxilie na promoção do bem viver;

– Eleger governos que comprometam com a recuperação dos direitos trabalhistas e previdenciários, revogação do teto dos gastos, restabelecer os recursos das políticas de educação pública, geração de trabalhos digno com renda justa, distribuição de renda;

– Engajar na campanha latino-americana em defesa do legado de Paulo Freire e da educação popular libertadora;

– Promover a luta contra o racismo e o fundamentalismo religioso, por um estado que laico e uma religião libertadora;

– Contribuir na construção do Projeto Popular O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos, proposto pela 6ª Semana Social Brasileira;

– Lutar pelo pagamento das dívidas sociais, ambientais e históricas com o povo negro, indígenas, as mulheres e todo povo trabalhador que paga com a ausência do acesso a terra, teto e trabalho, entre outros direitos negados, a dívida financeira para os banqueiros.

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