O povo Mapuche quer viver em paz. Sua população foi historicamente saqueada e violentada e, apesar disso, segue em resistência
Nós, da Rede Jubileu Sul/Américas, nos pronunciamos para expressar nossa solidariedade com o povo irmão indígena, ancestral e originário Mapuche. Povo nação, preexistente ao Estado chileno e ao Estado argentino, com sua resistência e luta histórica frente ao sistema colonialista, patriarcal, capitalista, racista e assassino, que expropria seus territórios, criminaliza suas vidas e os condena ao extrativismo, à morte e à perseguição política de suas lideranças que defendem seus corpos e vidas, a água, a terra e o território Mapuche e a humanidade. Repudiamos a degradante e asquerosa militarização do território ancestral mapuche e condenamos os grupos paramilitares da direita econômica do Chile.
O povo Mapuche quer viver em paz. Sua população foi historicamente saqueada e violentada e, apesar disso, segue em resistência. Devido à falta de avanço do governo para o reconhecimento da autodeterminação do povo mapuche e seus direitos como povos indígenas, uma greve de fome foi iniciada para exigir a aplicação do Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a libertação de seus presos políticos. O machi (xamã) Celestino Córdova, autoridade mapuche, e dezenas de presos políticos estão em greve de fome há três meses.
Também por essas razões, o povo mapuche ocupou, de forma pacífica, cinco municipalidades. E o governo, ao invés de atender suas demandas, militarizou ainda mais esses territórios, com violência e atentando contra os direitos humanos. Por ordem do governo de Sebastián Piñera e do ministro do Interior, Victor Pérez, os Carabineros (policiais da Força de Ordem e Segurança do Chile) desocuparam os prédios no dia 1º de agosto, detendo, violentando e oprimindo crianças, adultos e idosos. As mobilizações do povo mapuche e do povo chileno em defesa de seus direitos não foram contidas.
Denunciamos e condenamos o governo chileno de Sebastián Piñera e o ministro do Interior Victor Pérez, bem como suas políticas colonialistas, patriarcais, capitalistas, alinhadas ao FMI, e etnocidas contra o povo Mapuche.
Exigimos o reconhecimento e a aplicação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os Povos Indígenas e Tribais, e todos os seus direitos enquanto povos indígenas que resistiram à colonização e antecedem a formação dos Estados do Chile e da Argentina.
Exigimos a liberdade dos presos políticos mapuche que, por defenderem suas terras, territórios, a água e a vida, são condenados, militarizados e capturados como se defender a vida e a existência dos nossos povos e humanidade fosse um crime.
Exigimos justiça para Macarena Valdés Muñoz, defensora mapuche assassinada em 22 de agosto de 2016 por defender a água e a vida do território de Tranquil, na comuna de Panguipulli, ameaçada pela instalação de uma hidroelétrica pertencente à transnacional RP Global e à empresa chilena SAESA.
Exigimos reparação histórica pelo roubo, militarização e opressão do povo mapuche.
Fazemos um chamado para seguir tecendo esta rede de solidariedade internacional e de defesa dos direitos dos povos indígenas da América Latina e do Caribe.
Nos juntamos e nos solidarizamos com o povo mapuche, com sua longa luta e resistência pela autodeterminação, pelo uso de seus territórios, bens comuns e pela defesa da vida em todas as suas formas.
Do Jubileu Sul/Américas, rede de organizações e movimentos sociais que se opõem a todos os sistemas de morte, nos unimos à denúncia e ao repúdio internacional dos crimes contra o povo mapuche e demandamos: Reparação já!
LIBERDADE PARA AS AUTORIDADES TRADICIONAIS, MACHI, LONKO E TODAS E TODOS AS/OS PRESAS/OS POLÍTICAS/OS MAPUCHE CRIMINALIZADAS/OS E PERSEGUIDAS/OS!
NÃO AO RACISMO E À MILITARIZAÇÃO DO POVO NAÇÃO MAPUCHE!