A primeira reunião online de escuta aconteceu no dia 9 de fevereiro e reuniu representantes de diversas organizações, lideranças políticas e religiosas, a convite da Rede Jubileu Sul Brasil, 6ª Semana Social Brasileira e Grito dos Excluídos.
Diante do cenário de desmontes promovidos nos últimos anos no Brasil, organizações sociais, movimentos populares, sindicatos, igrejas e partidos políticos estão buscando convergência para seguir fortalecendo a democracia e garantindo espaços de diálogo que viabilizem as soluções políticas, econômicas e sociais que o país precisa.
A partir deste propósito comum, a Rede Jubileu Sul Brasil (JSB), a 6ª Semana Social Brasileira (SSB) e o Grito dos Excluídos mobilizaram uma primeira reunião online com as forças políticas e sociais do país para abrir o diálogo sobre a possibilidade de um movimento nacional para discutir temas centrais, garantir e apressar a retomada política, econômica e social, especialmente diante da gravidade da fome, do desemprego e dos desmontes promovidos nos últimos governos. A iniciativa também tem como objetivo promover um grande movimento formativo para o fortalecimento da democracia em vista de um projeto popular para o Brasil.
“Este é um encontro de escuta, de trocas, para pensarmos coletivamente sobre a proposta que nos motivou para este momento: a possível construção de um plebiscito popular”, destacou a secretária executiva da Rede Jubileu Sul Brasil, Rosilene Wansetto na abertura da reunião.
Ao falar das motivações das organizações para promover a reunião, a secretária executiva da 6ª SSB, Alessandra Miranda destacou as convergências políticas das instituições e questões do cenário nacional que trazem preocupações coletivas. “Nesse momento tão importante do Brasil, da América Latina e de uma conjuntura que cada um, cada uma de nós tem vivido fortemente, a partir de nossos lugares e das nossos lutas, não poderíamos deixar de trazer uma discussão importante pra essa roda que é justamente o chamamento sobre a possibilidade de um plebiscito, na perspectiva de um revogaço. Tínhamos uma expectativa de fazer o quanto antes, mas precisávamos antes saber o governo que assumira os rumos do Brasil. Agora com mais certezas podemos dizer que esse momento de incidência precisa acontecer”, compartilhou Alessandra.
Um dos pontos centrais da reunião foi a memória dos plebiscitos já realizados, os processos que eles desencadearam, como foram organizados e o alcance dessas mobilizações. “Precisamos parar para pensar seriamente em um instrumento que unifique, nos articule e nos faça agir com mais vigor a partir das nossas bases, com mobilização, formação, para fazermos uma luta organizada e com qualidade”, destacou Ari Alberti, membro da coordenação do Grito dos Excluídos.
“Esse momento é a colheita dos frutos do processo de resistência ativa que nós conseguimos, mesmo em meio a uma pandemia. A partir de todas as experiências de plebiscitos que fizemos no Brasil, eu estive também nesse processo organizativo e popular, como na luta conta a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), então o plebiscito é esse instrumento de formação de base e de unidade, elementos que precisamos hoje na sociedade para dialogar, especialmente com toda a classe trabalhadora do campo, da cidade e com os mais conservadores e reacionários também. Estamos num momento em que precisamos muito defender a democracia institucional, mas também trazer sempre mais o governo do presidente Lula para atender as demandas fundamentais da população empobrecida, esse é o equilíbrio que precisamos”, destacou a militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/RJ) e deputada estadual Marina dos Santos (PT/RJ).
Destacando a importância da articulação da Semana Social Brasileira nos processos de plebiscitos, o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), frei Olávio Dotto, reafirmou a relevância do momento. “Penso que o plebiscito é essencialmente um instrumento pedagógico de formação, nossas pastorais sociais vem falando muito sobre isso, a retomada da formação de base, de grupos organizados, de comitês, então talvez o plebiscito também cumpra com esse propósito de retomar processos necessários para fortalecer a democracia e retomar diálogos para romper bolhas” enfatizou o frei.
“Não temos nada pronto, queremos construir esse processo todo mundo junto, como foram alguns plebiscitos anteriores”, afirmou Sandra Quintela, articuladora da Rede Jubileu Sul Brasil, ao apresentar experiências que podem inspirar esse novo processo.
Entre essas experiências bem-sucedidas da organização popular estão o plebiscito sobre a dívida pública realizado no ano 2000, que contou com cerca de 6 milhões de votos e o plebiscito conta a Alca realizado em 2002 que contou com cerca de 10 milhões de votos, com urnas em cerca de quatro mil municípios.
Após uma rodada de diálogos entre os participantes, o grupo tomou como encaminhamentos e próximos passos a elaboração de uma carta convocatória conjunta chamando para uma ampla consulta e escuta sobre a proposta do Plebiscito Popular do Revogaço. A plenária nacional de mobilização ficou agendada para o dia 03 de abril de 2023, via plataforma online.
A primeira reunião contou com a participação de cerca de 70 pessoas de diversas organizações sociais, movimentos populares, partidos políticos, sindicatos e igrejas.
Acesse aqui a apresentação que fez memória de outros plebiscitos já realizados