Por Karla Maria | Rede Jubileu Sul Brasil

De leste a oeste lideranças dos movimentos e pastorais sociais, das entidades, organizações e Igrejas se articulam em atividades preparatórias para o Grito dos Excluídos, o grande ato popular que denuncia de modo descentralizado a situação de desigualdade a que está submetida a população brasileira.

Preparação para o Grito de Feira de Santana, na Bahia | Foto de Divulgação

Dados da Pesquisa Pnad Contínua elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que em 2017, as pessoas que compuseram o grupo do 1% mais rico da população brasileira obteve rendimento médio mensal de R$ 27.213, enquanto a metade mais pobre da população chegou à marca de R$ 754 por mês.
A desigualdade social entre os grupos chega a 36,1 vezes, entretanto, quando se separa por região, no Nordeste, a diferença chega a 44,9 vezes.
A pesquisa revela mais, que os 10% da população com os maiores rendimentos detinham 43,3% da massa de rendimentos do País, enquanto que na outra ponta, dos 10% com os menores salários contavam apenas com 0,7% da massa.
Para além dos números, caminhar pelas cidades e observar o aumento do número de pessoas que vivem em situação de rua e a quantidade de crianças trabalhando nos  faróis pode levar à conclusão de que gritar contra as desigualdades é preciso. Neste cenário econômico, Grito dos Excluídos valoriza a vida e “anuncia a esperança de um mundo melhor, construindo ações a fim de fortalecer e mobilizar a classe trabalhadora nas lutas populares”.
Para denunciar a estrutura “opressiva e excludente da sociedade e do sistema neoliberal que nega a vida e quer nos impedir de sonhar”, os articuladores do Grito realizam atos prévios descentralizados que estimulam a reflexão, o debate e a participação de homens e mulheres.
No dia 11, em Feira de Santana, na Bahia, aconteceu o primeiro encontro de preparação do Grito, na Cúria Metropolitana da cidade. Com a presença de padres, freiras, leigos e leigas foi discutido como fazer ecoar a voz da Igreja no Grito dos Excluídos.
Grito dos Excluídos em Lages, Santa Catarina | Foto Divulgação

“Juntos discutimos nossas bandeiras e missões no Grito, reforçando o grande papel da Igreja (Católica) no fortalecimento da democracia. O Grito de 2018, mais do que nunca nos impulsiona na mobilização dos excluídos trabalhadores para ocupar as ruas e praças das nossas cidades”, disse o assistente social Reginaldo Dias de Miranda. Ele tem 34 anos e é presidente da Cáritas Arquidiocesana de Feira de Santana.
No dia 14, os articuladores do Grito do Guarujá, no litoral paulista, realizaram uma conversa com parlamentares na Câmara Municipal. Em Belo Horizonte, no último dia 4, as pastorais, movimentos e organizações sociais participaram de seminário em na Paróquia Nossa Senhora da Conceição dos Pobres. A atividade contou com a presença do professor Robson Savio, doutor em Ciências Sociais e professor da Pontifícia Universidade de Minas Gerais que fez uma análise de conjuntura sobre a Democracia e a Constituição Brasileira.
Em Candeias do Jamari, Rondônia, aconteceu uma Roda de Conversa. Na noite do dia 9, a comunidade Sagrado Coração de Jesus foi espaço de diálogo produtivo sobre como os privilégios de alguns afetam toda a sociedade, a necessidade de direcionar as famílias para o senso crítico e para uma missão nas comunidades com caráter de acolhimento.
No mês de julho, em Lages, Santa Catarina, a Paróquia São Judas Tadeu acolheu membros das 25 paróquias da Diocese. Juntos, as paróquias e movimentos sociais com dom Guilherme Werlang, bispo diocesano, e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB, realizaram a atividade pré-Grito estimulando a reflexão sobre “Vida em primeiro lugar, Basta de Privilégios”.
Em Manaus, no Amazonas, foi realizado um encontro no último dia 7, entre as pastorais e movimentos sociais. Para a coordenação do Grito manauara, a construção do ato para o feriado de 7 de setembro vai ganhando forças. Na ocasião foi entregue o material de divulgação do Grito dos Excluídos e divulgada uma agenda de atividades: Pré-grito no dia 2 de setembro e panfletagem nos terminais de ônibus, no dia 4 de setembro. “Vamos juntos gritar nas ruas a nossa insatisfação com a falta de políticas públicas, por dignidade principalmente para os menos favorecidos”, concluiu a coordenação local em mensagem enviada via redes sociais.
Mais informações sobre as atividades preparatórias em todo o país, hino, cartazes e atos estão no site Grito dos Excluídos.
 

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