Por Rogéria Araujo – Comunicação JSB
Movimentos sociais enviam convocatória para a criação do Tribunal Popular para Julgar a Ocupação do Haiti, que está sendo lançado neste dia 17 de dezembro, em Porto Príncipe, capital haitiana. A iniciativa chama atenção para os 100 anos de ocupação permanente da nação caribenha que começou em 1915 e se volta para 2015, contra a permanência das tropas da Missão das Nações Unidas pela Estabilização do Haiti, a Minustah, que há 11 anos se instalou no país.
O chamado se estende não só à população que está no Haiti, mas a todos os/as compatriotas que tiveram que deixar o país por conta de toda a situação política, econômica e militar que afeta o Haiti. “É preciso aportar todo apoio para que este Tribunal possa ser constituído a partir deste 17 de dezembro de 2015 para que os ocupantes e seus cúmplices possam ser julgados como se deve por todos os seus atropelos e violações aos direitos e crimes cometidos no país desde 1915 até 2015”, diz a convocatória.
À frente desta iniciativa estão membros de organizações políticas, instituições, organizações camponesas, de operários, mulheres, estudantes, de desempregados, vendedores, de artesãos, de profissionais liberais, artistas e intelectuais envolvidos e comprometidos em diversos movimentos sociais haitianos.
“Nós, que lutamos pela libertação do país contra toda forma de ocupação, dominação, exploração, roubo de recursos e contra a violação do direito soberano, decidimos denunciar e somar nossa resistência para exigir justiça e reparação para o povo haitiano e para todos aqueles que pertencem às classe sociais que estão sendo destruídas, especialmente as massas populares, depois de 100 anos de ocupação e dominação norte-americana no Haiti”, declara a convocatória.
A construção do Tribunal Popular está embasada em todas as etapas de ocupação, cuja ingerência de países foram determinantes para manter a população refém em seu próprio país. Argumentam que as forças que ocuparam o Haiti sempre foram financiadas por grande potências com fins de “pisotear” a dignidade dos povos do país, a primeira nação negra a conquistar sua liberdade.
Dessa foram, para o julgamento dos responsáveis pela quebra da soberania do país e, com isso, todas as consequências advindas disso, o Tribunal se baseia em três fases: A “Ocupação e presença dos soldados de guerra norte-americanos no país entre 1915 e 1934”; A “Ocupação sob controle à distância, de 1934 a 1994”; e “Ocupação-tutelar sob cobertura de forças militares e policiais da ONU, de 1994 a 2015”.
“Estamos convencidos que, se depois de 100 anos de ocupação, 100 anos de dominação, 100 anos de saque de nossos recursos naturais e do patrimônio cultural de nosso país, depois de 100 anos de exploração da força dos trabalhadores, tanto mulheres como homens, não assumimos nossa responsabilidade para levar os culpados e cúmplices até um tribunal especial e exigir justiça e reparação para o povo haitiano, seremos julgados pela história por cumplicidade, por inconsistência, por traição de nossos povos ancestrais que entregaram suas vidas para nos deixar um país livre e independente. O Tribunal Popular para julgar a ocupação é um oportunidade para abrir a porta para uma segunda independência política, econômica, social e cultural para nosso Haiti”, afirmam os organizadores.
A rede Jubileu Sul Brasil e Jubileu Sul/Américas que mantêm uma Campanha de Solidariedade Permanente com o Haiti apoiam totalmente a construção deste Tribunal, esperando que todas as injustiças cometidas contra o povo haitiano em nome do imperialismo sejam devidamente reparadas e seus responsáveis julgados e condenados.
Para ler a convocatória (em espanhol) clique aqui.
Mais informações: http://haitinominustah.info
Acompanhe nossa campanha em: http://jubileusul.org.br/temas/haiti