Para Camille Chalmers, da Rede Jubileu Sul Américas, a integração dos países deve ser feita a partir dos povos e para eles, e não a partir dos mercados
Por Comunicação da Rede Jubileu Sul Américas
O segundo dia do Encontro Antimperialista de Solidariedade, pela Democracia e contra o Neoliberalismo, que acontece entre 1 e 3, em Havana, Cuba, reservou espaço para o trabalho em Comissões. A Rede Jubileu Sul Américas, representada por seu articulador da região Caribe, Camille Chalmers, participou da Comissão Integração, identidade e itens comuns, que contou com 170 delegados e 20 intervenções.
A Comissão fez um balanço da atual situação dos processos de integração da região, buscando estratégias comuns, exemplos de alternativas e a construção de um plano de ação conjunto para combater as práticas e políticas imperialistas que impactam cultural, social e economicamente seus povos e territórios.
Buscando exemplos de resistência e caminhos a serem seguidos, Camille Chalmers, um dos mais reconhecidos intelectuais e lutadores do povo haitiano, professor universitário e dirigente da Plataforma Alternativa pelo Desenvolvimento do Haiti (PAPDA), falou a partir da experiência de seu povo. “Há muita confusão sobre o conceito de integração. Há processos que não integram e sim dominam, desintegram e criam submissão desses países às grandes potenciais e empresas transnacionais”.
Para o professor haitiano há uma grande manipulação sobre esses conceitos de integração, e nesse sentido é preciso que haja de fato uma integração entre os países da América Latina e Caribe, a partir de seus povos. “Quando falamos de integração é importante entender se estamos falando da integração dos mercados ou dos povos, a partir deles e para eles, e nesse sentido a América Latina tem vivido experiências muito bonitas com experiências como a União de Nações Sul-americanas (UNASUL), a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) e outras…”, disse Chalmers, apontando iniciativas para romper essa integração, como o Grupo de Lima e a Aliança do Pacífico.
Resistência e Campanha
Camille Chalmers falou da luta do povo haitiano que passa por um momento crucial, de manifestações nas ruas desde 2018, quando houve a tentativa do governo de Jovenel Moise de aumentar os preços dos combustíveis em 51%. “Nesse sentindo a mobilização haitiana é anti-neoliberal, antimperialista”.
O professor haitiano falou da necessidade de materializar essa integração, apresentando a Campanha Dívida e Reparações, que está sendo realizada pela Rede Jubileu Sul Américas desde agosto de 2019. A Rede Jubileu Sul Américas queevidenciar a realidade de ambos os povos de Haiti e Porto Rico, denunciar e conscientizar os países da América Latina e Caribe que as práticas históricas de colonização e exploração de nossos países consomem os serviços públicos, os direitos de todos os cidadãos e cidadãs, a soberania de um país. A Rede quer somar forças a partir das diferentes expressões, resistências e lutas dos povos, clama à solidariedade e exige a reparação dos danos causados pelos processos de endividamento ao Haiti e Porto Rico.
“Estão destruindo os direitos econômicos e sociais do país”, disse Camille Chalmers, que apresentou a síntese e propostas da Comissão, bem como a Campanha da Rede Jubileu Sul Américas por Reparações Já para Porto Rico e Haiti, para os mais de 1200 participantes de 90 países, presentes no Encontro Antimperialista de Solidariedade, pela Democracia e contra o Neoliberalismo, que acontece em Havana, Cuba.