O cenário multicultural e de delicados contextos políticos e econômicos na América Latina e no Caribe revelam o desafio de atuação do JSA que está presente em 18 países
Por Comunicação | Rede Jubileu Sul Américas
Mulheres são o maior foco de ação e de participação das entidades que compõem a Rede Jubileu Sul Américas (JSA). Esta é uma das conclusões tiradas do Seminário de Diagnóstico Preliminar no Cone Sul, realizado de 27 a 30 de maio de 2019, em Brasília (DF), pela Vértice Sociedade Civil de Profissionais Associados, assessoria que acompanha os trabalhos da JSA.
O levantamento é preliminar, mas apresenta dados interessantes que dimensionam o alcance das atividades e bandeiras da Rede Jubileu Sul Américas, que está presente em um cenário multicultural e de desafios políticos e econômicos: 18 países da América Latina e Caribe e agrega cerca de 50 entidades dividas em 4 sub-regiões: Andina (2 organizações), Caribe (7), Cone Sul (32) e Mesoamérica (8).
Segundo a Vértice, o mapeamento da Rede que é elaborado em parceria com a Secretaria Regional do JSA, teve início com uma análise documental e com uma investigação de dados secundários para dimensionar o porte, o âmbito territorial, as áreas temáticas e os públicos que são alvo das ações do JSA.
Neste primeiro mapeamento foi possível aferir o grau de participação das mulheres na composição das entidades, e esse número chega a 80% em entidades como Acción Ecológica; 60% na Red de Ambientalistas comunitários de El Salvador (RACDES), 55% nas Asociación Coordinadora Nacional de Pobladores de Áreas Marginales de Guatemala (ACONAPAMG) e no Instituto PACS, 50% na Asociación Educación para El Desarrollo Intipachamama e 40% no Laboratorio de Investigación em Desarrollo Comunitario y Sustentabilidad (LIDEC).
“As mulheres em sua diversidade representam e constituem uma força determinante para as lutas da região e isso acontece também dentro nas organizações da Rede Jubileu Sul Américas, são elas, as mulheres, que dão a vida e o sustento, que apresentam as demandas, os temas e as necessidades da entidade e seus territórios”, avalia Marta Flores, da Secretaria Geral da JSA. Para ela, essa grande diversidade de mulheres possibilita a construção de visões e caminhos que partam das diversas formas de sentir e pensar as necessidades de transformações.
O mapeamento – preliminar – também apontou uma forte presença de povos indígenas ou tradicionais. Na Asociación Nacional de Pobladores de áreas marginales de Guatemala (ACONAPAMG) existem dezenas de grupos étnicos, entre eles os mestizo, xinca e garífunas, na Coordinadora Nacional de Mujeres Indígenas y Negras de Honduras (CONAMINH) há povos pech, maya, chortí, garífuna, lenca, tawahka, tolupán, misquito e negras. Na Cooperativa de Pescadores Artesanais do bairro da Prainha de Iguape, no Brasil, há pescadores artesanais, quilombolas e indígenas.
Segundo Martha Flores, a pluralidade das culturas da América Latina e Caribe é o sustento da força e da determinação das lutas que a região enfrenta ainda hoje. “Nós chamamos essa região de América Latina e Caribe, mas na verdade deveríamos chama-la Abya Yala”.
Abya Yala
Abya Yala, na língua do povo Kuna, significa Terra Madura, Terra Viva ou Terra em florescimento e é sinônimo de América. O povo Kuna é originário da Serra Nevada, no norte da Colômbia, tendo habitado a região do Golfo de Urabá e das montanhas de Darien e vive atualmente na costa caribenha do Panamá na Comarca de Kuna Yala (San Blas).
Abya Yala vem sendo usado como uma autodesignação dos povos originários do continente como contraponto a América.
“Necessitamos descolonizar nossa mente, deixar de fazer separações que foram impostas pelos processos de conquista e violência sobre nossos corpos e territórios. Essa é uma oportunidade de nos encontrar e saber quem somos verdadeiramente“, Martha Flores.
Os fios condutores de ação das entidades membros do JSA, os temas mais trabalhados e discutidos são os Direitos Humanos e a Dívida pública, social e ecológica, seguidos pelos temas do Meio ambiente, Igualdade e gênero, educação popular, enfrentamento aos megaprojetos, povos originários e comunidades tradicionais, violência, comunicação popular, direito à moradia digna, Água, Recuperação de terras, Mineração e siderurgia, Migrações.
“A defesa dos direitos humanos e a defesa da vida em todas as suas manifestações, é a defesa do Jubileu Sul Américas. Apostamos na defesa e no direito à dignidade, à alegria e autodeterminação dos povos, são eles que têm o dever e o direito de determinar seus rumos e caminhos, mas não só falamos em defesa dos direitos humanos, falamos de defesa de todas as formas de vida, dos espaços coletivos que abrigam qualquer forma de vida. Este é um gesto necessário que sempre foi feito e hoje recupera um sentido emancipador em um momento no qual as diretas fascistas estão instauradas em vários dos governos de nossos países, se trata, portanto, de defender um projeto de vida pelo qual lutamos”, Martha.
A presente publicação foi elaborada com o apoio financeiro da União Europeia Seu conteúdo é de responsabilidade exclusiva do Instituto Rede Jubileu Sul Brasil e Rede Jubileu Sul Américas e não necessariamente reflete os pontos de vista da União Europeia.