“O Sinergia Popular se tornou um grande alto-falante de nossas vozes”, afirmou a assessora pedagógica Iara Fraga, ao recordar do processo de formação nos territórios.
Por Cláudia Pereira | Rede Jubileu Sul
Treze comunidades entre as regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil, participaram das articulações e processo de formação popular através das ações do Sinergia Popular. Nesse período as comunidades tiveram acesso a oficinas, seminários e assessoria jurídica, com objetivo de construir planos de ações para fortalecer as lutas existentes nestas comunidades.
Após avaliação das ações do Sinergia Popular, as comunidades participantes das cidades de Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Rio de Janeiro (RJ), os comitês locais, se reuniram (10) em encontro virtual com a coordenação da Rede Jubileu Brasil para preparar e continuar o caminho de luta. “O Sinergia Popular se tornou um grande alto-falante de nossas vozes”, afirmou a assessora pedagógica Iara Fraga, ao recordar do processo de formação nos territórios.
A afirmação de Iara Fraga demonstra que o processo formativo deu destaque ao protagonismo das comunidades. Vale ressaltar que essas vozes são das mulheres. Elas são maioria nas ações e representam as comunidades participantes.
Além do protagonismo, as comunidades agora possuem espaços para mediar conflitos com assessoria jurídica e um vínculo mais forte com os movimentos e organizações da luta por moradia nas cidades. Em um curto espaço de tempo os territórios avançaram nas ações de incidências sobre os poderes públicos e realizaram diálogos com juízes federais, a exemplo das comunidades participantes do Rio de Janeiro.
Continuidade das ações
Agora que os territórios desenharam o plano de ação, é hora de colocar em prática os resultados alcançados através das ações do Sinergia Popular. João da Costa, que colaborou com a sistematização das ações, apontou a importância da integração comunitária, a comunicação como estratégia, alinhamento da assessoria jurídica e fortalecimentos das redes locais e nacionais como estratégias e ideias prioritárias na continuidade das ações das comunidades participantes.
“Nós estamos pensando na continuidade do projeto e vejo que é fundamental pensarmos nas estratégias quanto aos nossos aliados no parlamento. Os planos das cidades e o controle social precisam ser executados”, alertou Magnólia Said.
Emília Souza, da comunidade Horto Florestal da cidade do Rio de Janeiro, destacou os avanços na luta pela regularização fundiária que a comunidade obteve com as ações do Sinergia Popular. Muito recente a comunidade conquistou depois de 12 anos de luta, o direito que torna a comunidade do Horto Florestal como Área de Especial Interesse Social Ambiental (AEIS). Esse é um dos caminhos para que as famílias obtenham o direito à permanência no local. Emília enfatiza que é necessário fortalecer a luta e que a continuidade das ações do Sinergia é imprescindível no momento.
“Foi um avanço e estamos felizes, mas a AEIS não é uma solução definitiva, é apenas um passo e, os inimigos vão fazer de tudo para desconstruir o nosso direito. Precisamos fortalecer nossas forças, parcerias, participações na luta pelo nosso direito. Estamos felizes, mas apreensivos”. Diz Emília Sousa, integrante da luta na comunidade do Horto Florestal.
Sementes de esperança
Os territórios dos três estados que participaram das ações do Sinergia Popular, elaboraram os planos de ações com propostas para a continuidade dos projetos que as comunidades buscam como direito à moradia e à cidade. Em Fortaleza a comunidade Raízes da Praia avançou nos diálogos com órgãos públicos. Há 12 anos a comunidade luta pela execução de um projeto de moradia e a regularização da área. Raízes da Praia, que é um dos exemplos de organização, inspirou outros territórios no avanço da articulação com os processos para concretizar projetos e regularização. As ações do Sinergia contribuíram para que as comunidades possam continuar lutando por direitos através das redes construídas. São sementes que foram lançadas em solos férteis de esperança.
A articuladora do Rede Jubileu Sul, Sandra Quintela, destacou o desafio do processo das ações do Sinergia Popular em plena pandemia da Covid-19. “Nós avançamos e os resultados foram positivos. Trabalhamos com afeto, com a escuta e acolhida, foram estes elementos que nos ajudaram nesta trajetória de luta”.
Sandra finaliza o encontro confirmando que o Sinergia Popular é o alto-falante com potência suficiente na luta pelo direito à moradia e à cidade. “Dessa forma nós reforçamos a teia da vida e isso não é qualquer coisa nestes tempos que estamos vivendo. Teremos mais desafios, mas a vida está acima da dívida! Não devemos, não pagamos! Somos os povos, os credores de uma dívida social, uma dívida ecológica de uma dívida histórica”, finalizou a articuladora.
As iniciativas do Sinergia Popular têm o apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program) e é cofinanciado pela União Europeia. A ação também faz parte do processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul e das suas organizações membro.