Por Wálmaro Paz
A Policia Nacional do Haiti usou balas de borracha para dispersar uma grande manifestação da oposição durante o feriado de comemoração da Independência, 18 de novembro. Moise Jean Charles e Steven Benoit, dois candidatos a presidente que haviam convocado a manifestação, foram atingidos pelos disparos. Moise no rosto e Benoit no braço. Além deles, cerca de 50 manifestantes ficaram feridos.
Depois de medicados num hospital da capital, os dois deram entrevistas à rádio Kyskeya, uma das de maior audiência no país, convocando a população para colocar fogo no país, incendiando pneus, a partir desta quinta-feira, 19.
A manifestação com milhares de pessoas em motos e a pé pela principal rua da capital, a Route Delmas, ocorreu após a rejeição pelo Conselho Eleitoral Provisório das exigências de oito candidatos, feitas numa reunião na última segunda-feira, 16. Eles pediam a criação de uma comissão independente, formada por entidades da sociedade civil, que revisasse as atas de votação. Na semana anterior, eles haviam denunciado cerca de 400 fraudes nas eleições do dia 25 de outubro.
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O líder da Via Campesina, Chavannes Jean Baptiste, que denunciou o “golpe eleitoral” uma semana antes de 25 de outubro, e retirou sua candidatura, para não participar da fraude, avaliou a situação como muito grave, mas resiste ao convite dos outros para participar das mobilizações com os camponeses. “Tenho que discutir com as bases, sei que há um consenso em todo o país contra a eleição de Jovenel [Moise], que é a permanência do atual grupo de Martelly [Michel Martelly, atual presidente do Haiti] no poder, mas temos ainda que construir um consenso em relação a anulação total da fraude, a construção de um programa mínimo e a convocação de novas eleições, sem a supervisão da Comunidade Internacional”, disse ele.
O primeiro turno das eleições no Haiti aconteceu no dia 25 de outubro em um clima de calma. Apenas 25% dos eleitores compareceram às urnas, cerca de 1.5 milhão dos 5,8 milhões aptos a votarem. O desinteresse pelo processo ficou evidente, repetindo-se o que ocorrera em 09 de agosto deste ano, no primeiro turno das eleições parlamentares, quando apenas 18% do eleitorado votaram.
Na primeira semana de novembro, o CEP anunciou os dois candidatos que passariam para o segundo turno: Jovenel Moise (PHTK), do governo, e Jude Celestin (Lapeh), de centro-direita. No outro dia, quatro candidatos deram entrevistas dizendo que haviam sido vencedores, Marise Narcyse (Fanmi Lavalas), Moise Jean Charles (Petit Dessalines), Erick Jean Baptiste(MAS) e Jean Henri Ceant (Remmen Haiti). Ao mesmo tempo, convocaram manifestações de protestos.
Na semana seguinte, a Organização de Estados Americanos (OEA) referendava o processo eleitoral numa nota oficial, dizendo que fazia isso baseada nas avaliações de 125 observadores espalhados pelos centros de votação, em todo o país. A população ficou indignada com a interferência estrangeira e as manifestações começaram a crescer.
Fonte: ADITAL

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