Painel de sábado, 2, destacou necessidade de integração de agendas de lutas nacionais e regionais com comunicação e formação popular estratégicas

Por Karla Maria, de Havana
Comunicação da Rede Jubileu Sul Américas

Os trabalhos do Encontro Antimperialista de Solidariedade pela Democracia e contra o Neoliberalismo foram marcados no sábado, 2, pelo Painel: Desafios para uma articulação solidária em nossas lutas, e uma só constatação foi apontada: é preciso alimentar a solidariedade a Cuba, integrar as lutas e as resistências de modo estratégico para superar o neoliberalismo.

1332 pessoas de 86 países e 789 organizações participaram do Encontro, em Havana, Cuba | Foto Convergência de Comunicação

As manifestações consistentes e inspiradoras dos povos de Haiti, Equador e Chile, além dos resultados nas eleições presidenciais de Bolívia e Argentina apontam o desejo destes povos de cessarem as políticas neoliberais que destroem a autonomia financeira e cultural dos países na América Latina e Caribe.

“Mais uma vez, os povos do continente se reúnem para erguer suas vozes frente ao imperialismo. Reunimo-nos mais uma vez para gritar mãos fora de Cuba, mãos fora do continente”, disse Karin Nansen, do Amigos da Terra do Uruguai e membro da Jornada Continental, durante o painel daquele sábado.

Para Karin, o assalto e destruição dos bens comuns e o deslocamento forçado reafirmam a negação dos direitos da mulher, e um neocolonialismo profundamente racista, com ofensivas que hoje lideram retrocessos democráticos na região. “Os golpes de estado e a militarização são realidades que cerceiam a vida dos povos. É fundamental denunciar quem são os perpetradores”, denunciou Karin, apontando a necessidade de que a solidariedade internacional resulte em uma agenda conjunta de lutas, de modo estratégicos a partir de formação e comunicação popular.

A brasileira Monica Valente, do Fórum São Paulo avaliou como a heroica resistência do povo venezuelano ao ataque massivo da mídia hegemônica. “Há um ano e meio, dois, eu ouvia muita gente, políticos se perguntando se havia chegado o fim do ciclo progressista na América Latina, mas não se tratava de um fim, e sim de uma retomada da luta de classes na América Latina”.

Para Monica, resistir à forte contraofensiva é combinar as lutas nacionais com as regionais, é buscar reconstruir a UNASUL; aprofundar o diálogo entre as forças políticas e os movimentos sociais, mesmo sendo uma tarefa difícil. “Se dentro do Fórum São Paulo isso não é fácil, o que dizer quando temos diferentes pontos de vista nos movimentos e sindicatos. Há que construir a unidade com todas as suas características, como dizia Fidel”.

Monica ainda destacou a necessidade de alimentarmo-nos da solidariedade cubana. “Cada vez que venho aqui eu me emociono muito, porque a solidariedade é um valor fundantes deste país. Esse é um antídoto que necessitamos ao aspecto ideológico subjetivo que o neoliberalismo nos incute”.

Ismael Drullet, do Capítulo Cubano dos Movimentos Sociais, falou sobre a necessidade de criar processos de formação política que superem limitações das escolas e fortaleçam os processos de construção do socialismo. “É determinante conseguir juntar os movimentos sociais e partidos políticos, para enfrentar o imperialismo e o capitalismo”, afirmou. Drullet é secretário de Relações Internacionais da Central de Trabalhadores de Cuba.

Pela Assembleia Internacional dos Povos, Manuel Bertoldi destacou as grandes manifestações de Chile, Catalunha, Haiti e Líbano, como modelos de resistência frente ao modelo neoliberal. Apontou a necessidade de consolidar bloqueios populares, a exemplo da Revolução Bolivariana.

“É imprescindível estimular a mobilização popular. As ruas nunca mais podem ser da direita. Precisamos saber que este é um terreno de disputa”. Apontou a articulação política de blocos regionais progressistas com a participação da juventude; uma avaliação autocrítica sobre o trabalho de base que a esquerdas vem fazendo; avançar na disputa cultural comunicacional construindo estratégias comunicacionais.

A solidariedade cubana foi destaca por Gail Walker, diretora executiva da Fundação Interreligiosa pela Organização Comunitária (IFCO). “Mesmo com todas as dificuldades impostas pelo bloqueio genocida econômico, Cuba está presente em diversos países com seus médicos salvando vidas e ajudando-nos a treinar novos médicos”, disse

“Não posso deixar de mencionar a grande contribuição que Cuba vem fornecendo para o treinamento de médicos. Estudantes de 26 nações têm recebido bolsas para estudar em Cuba com o compromisso de voltarem a seus países e trabalharem com a nossa gente nas comunidades”, destacou Walker, lembrando da presença de estudantes americanos que se prepararam para regressar para as comunidades pobres dos Estados Unidos, “por isso dizemos obrigada Fidel”, agradeceu a norteamericana.

Da plenária que reunia mais de 1332 pessoas de 86 países e 789 organizações, foram destacadas as presenças do Primeiro Ministro de San Vicente e Granadina, Fernando Lugo, ex- presidente do Paraguai, César Navarro, ministro de mineração de Bolívia, Peter Philips, presidente do partido nacional de Jamaica, Eric Bocquet, senador do Partido Comunista da França, Gleisi Hoffman, presidente do Partido dos Trabalhadores do Brasil, Geronimo Lossa, secretário geral de Guine Equatorial e Ivan Rodriguez, da campanha dominicana de solidariedade em Cuba.

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