Por Claire Giangravè, da Crux*
O título da mensagem, “This poor man cried, and the Lord heard him” (Este pobre homem chorou, e o senhor o ouviu, em português) é extraído de um salmo e representa uma oportunidade, escreveu o Papa, “para entender quem são os verdadeiros pobres a quem somos chamados a ouvir o seu clamor e reconhecer suas necessidades.”
“A condição de pobreza não pode ser expressa em uma palavra, mas se torna um grito que atravessa os céus e chega a Deus”, disse o texto.
Francisco inaugurou o Dia Mundial dos Pobres no final do Ano Jubilar da Misericórdia em 2016, e este ano acontecerá no dia 18 de novembro. O Papa assinou simbolicamente a mensagem em 13 de junho, na festa de Santo Antônio de Pádua, padroeiro dos pobres.
No dia antes do evento, 17 de novembro, uma vigília será realizada em Basílica de São Lourenço Fora dos Muros, em Roma, com voluntários e associações humanitárias que trabalham no serviço dos pobres. O Dia terá início às 09:30 quando Francisco vai se reunir com pobres na Basílica de São Pedro.
Cerca de 3.000 pessoas carentes se juntarão ao Papa para o almoço na sala Paulo VI, no Vaticano. Paróquias que se juntam à iniciativa também oferecerão almoço aos necessitados: “Rezar em comunidade e compartilhar uma refeição dominical é uma experiência que nos leva de volta para a primeira comunidade cristã,” escreveu o Papa.
Durante toda a semana, um posto de saúde estará disponível no Piazza Pio XII, – localizado perto da Praça de São Pedro – oferecendo serviços de saúde para os pobres, incluindo testes dermatológicos, ginecológicos e andrológicos bem como análises clínicas de resposta rápida. O departamento de saúde do Vaticano, que conta com especialistas de universidades romanas, irá participar na iniciativa que no ano passado ofereceu atendimento gratuito para quase 600 pessoas.
Dia Mundial dos Pobres “é um convite para encontrar as diferentes formas de sofrimento e marginalização nas quais muitos homens e mulheres, que estamos habituados a designar com o termo ‘pobres’-, vivem”, disse o arcebispo italiano Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
Durante a apresentação de documentos na quinta-feira, o arcebispo disse que a Igrejavai financiar essas iniciativas, estando os detalhes disponibilizados no site do Conselhodesde o dia 2 de junho.
Cooperação é a chave contra o “imenso mundo da pobreza”, disse o Papa, e é essencial para se ter uma abordagem coordenada e eficiente. “Muitas vezes a cooperação com empresas, movidas não pela fé, mas pela solidariedade humana, nos permite dar a assistência que, por nós mesmos, teria sido impossível”, escreveu Francisco.
Papa promoveu o diálogo entre organizações seculares e religiosas que trabalham para ajudar os pobres e condenou quem “busca ser o centro das atenções”, acrescentando que “ao serviço dos pobres, a última coisa que precisamos é uma batalha pelo primeiro lugar.”
“Os pobres não precisam de protagonistas, mas de um amor que sabe como esconder e esquecer o bem que tem feito”, escreveu Francisco. “Os verdadeiros protagonistas são o Senhor e os pobres.”
Fisichella disse que a mensagem do Papa é “uma provocação forte para ouvir o grito dos pobres”, e que, com isso, Francisco chama os fiéis a “um sério exame de consciência” sobre se eles ouvem este grito.
A mensagem de Francisco é articulada em três verbos chaves. O primeiro é “escutar“, colocando a si próprio de lado. O Papa adverte para o perigo de ser autorreferencial em ajudar os pobres.
Esta abordagem, disse, faz com que a reação da pessoa seja incoerente e cria a ilusão de acreditar “que um gesto de altruísmo é suficiente sem o a neessidade de nos comprometermos diretamente.”
O segundo verbo é “responder“, e enquanto o Papa diz que só Deus pode verdadeiramente “restaurar a justiça e ajudar no recomeço para viver a vida com dignidade”, o Dia Mundial dos Pobres também pode fornecer uma oportunidade para fazer a diferença, seja ela grande ou pequena.
“O Dia Mundial dos Pobres pretende ser uma pequena resposta que toda a Igreja, espalhada pelo mundo, dá aos pobres de todo tipo e em toda a terra, para que eles pensem que seu clamor não foi escutado”, escreveu Francisco, acrescentando que isso provavelmente é “como uma gota de água no deserto da pobreza.”
O último verbo é “libertar”, que só pode ter lugar, no entanto a partir de “uma proximidade concreta e tangível”, diz a mensagem.
Muitas vezes, o Papa disse, “os pobres são alcançados por vozes que os repreendem e os dizendo para calar a boca e engolir”. Essa “fobia de pobres” é totalmente contrastante com a mensagem do Evangelho, continuou.
Papa encorajou religiosos e fiéis leigos a viverem “este Dia Mundial como um momento especial da Nova Evangelização. Os pobres nos evangelizam, nos ajudando a descobrir todos os dias a beleza do Evangelho.”
* tradução de Victor D. Thiesen

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