Por Rogéria Araújo – Comunicação Jubileu Sul Brasil
“A primeira coisa que a gente quer é que nos deixem em paz. Somos adultos e podemos resolver nossos problemas”, afirma o haitiano William Thelusmond, educador popular do Reagrupamento Educação para Todos e Todas (REPT). É esta fala que abre o vídeo “100 anos de ocupação: uma agressão permanente à dignidade do Haiti”, uma realização do Jubileu Sul Brasil e Jubileu Sul/Américas no marco da Campanha de Solidariedade com o Haiti que as redes levam adiante há 11 anos, desde a invasão da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, a Minustah.

Com produção do coletivo Memória Latina, o vídeo foi lançado oficialmente no dia 11 de dezembro, em Porto Alegre, dentro da programação do curso “O Estado Financeirizado e a Dívida Pública”. A proposta nasceu como resultado das demandas do Seminário Nacional sobre o Haiti: Construindo Solidariedade, ocorrido em maio deste ano.

Assista o vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=Ykp8WhKbs4U&feature=youtu.be

O trabalho foi feito durante o Colóquio Internacional 100 Anos de Ocupação do Haiti – 100 Anos de Resistência, realizado em junho em Porto Príncipe, reunindo diversos movimentos sociais haitianos e de países da América Latina que se engajaram na solidariedade e luta com o povo haitiano pela retirada das tropas da Minustah e pela soberania do país caribenho.

Trata-se de um documentário que narra a história de resistência que acompanha o povo haitiano desde a ocupação há 100 anos pelos Estados Unidos da América, passando pela ingerência nos processos eleitorais, golpes, o terremoto que deixou 316 pessoas mortas e outras tantas desabrigadas, dos casos de cólera, relação migratória com a República Dominicana. É neste cenário que o povo haitiano faz sua luta cotidiana em busca de dignidade e vida própria da nação.

Nesse contexto, a presença da Minustah só reforça como as formas de dominação permanecem no Haiti. Em seu depoimento, Marie Larrieux, do Movimento Democrático Popular, questiona a presença dos “capacetes azuis”. “Quando a gente vai pras ruas vê uma grande quantidade de tropas agindo para abalar a população a um nível psicológico. Somos um povo que não está em guerra. Mas eles circulam pela ruas com as armas apontadas para nós”, afirma no vídeo.

Do Haiti para o Brasil. Que ligação tem as duas coisas? A resposta vem de Gizele Martins, comunicadora e moradora do complexo da Maré: “A grande invasão do estado brasileiro nesses dois territórios”. É que vários contingentes vêm do Haiti e se instalam nas favelas cariocas, através das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

A proposta é que no ano de 2016 a Campanha de Solidariedade com o Haiti seja intensificada. A rede Jubileu Sul Brasil pretende elaborar várias ações da campanha, nas quais o vídeo “100 anos de Ocupação – Uma agressão permanente à dignidade do Haiti” circule em várias cidades brasileiras, além de realização de debates e conversas sobre o tema.

“É preciso que toda a sociedade brasileira saiba o que acontece no Haiti. Entendemos que a militarização é uma das piores formas de dominação sobre as nações, sobretudo, as mais vulneráveis. Também é preciso que se tome conhecimento do papel que o governo brasileiro tem ao estar à frente desta Missão que em nada tem de estabilizadora, como já provaram vários relatórios e os depoimentos dos próprios haitianos/as neste vídeo. Então o vídeo cumpre este papel e reitera o pedido de retirada imediata das tropas do Haiti é das favelas do Rio de Janeiro”, afirmou a rede Jubileu Sul Brasil.

Para saber mais sobre nossa campanha: https://jubileusul.org.br/temas/haiti

Mais informações: http://haitinominustah.info/

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