A oficina reuniu assessoras técnicas, articuladoras e mobilizadoras dos territórios e a equipe executiva da Rede Jubileu Sul Brasil.
Um dos desafios da construção de uma ação nacional que abrange diferentes cidades e muitos territórios é, sem dúvidas, a construção da unidade na diversidade. Diversidade que traz força e potência e que demanda constantes partilhas de saberes e experiências. Esse foi o caso da oficina sobre feminismos realizada nesta segunda-feira (12), pela Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais.
Com a participação de assessoras técnicas, articuladoras e mobilizadoras dos territórios e a equipe executiva da Rede Jubileu Sul Brasil, a oficina gerou partilha de experiências e debate sobre conceitos e práticas feministas.
Tendo como ponto de partida, uma rodada de depoimentos sobre os primeiros contatos com o feminismo, as mulheres evidenciaram a diversidade de valores, práticas e concepções sobre a luta feminista no cotidiano.
Para algumas o primeiro contato com o feminismo foi na escola, para outras esse encontro está intrínseco ao processo de descobrir-se mulher, para umas outras sempre esteve presente no ambiente familiar ou se destacou no cotidiano das lutas e para uma outra parcela o contato chegou a partir da violação de um direito diretamente ou em ambiente próximo.
“Geralmente os depoimentos são muito emotivos. A gente se identifica muito, sofre junta. Acho que o método de exploração de vivências e depoimentos mexe com as nossas entranhas, mas também nos faz mais fortes, mais solidárias e muito mais atentas nas lutas para que outras situações dessas (de violências) não se repitam”, sintetizou a assessora pedagógica Solange Dacach.
Unidade política no cotidiano das lutas
As partilhas apresentaram a pluralidade de compreensões sobre as práticas feministas. As diferenças de vivência, geração, identidade e saberes geraram reflexões importantes sobre os caminhos e entendimentos comuns para a Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais. No caminho dessa construção, a articuladora nacional do Jubileu Sul Brasil, Sandra Quintela, apresentou a perspectiva do feminismo comunitário latinoamericano e a experiência adquirida na ação Sinergia Popular, em 2021.
Tal experiência aponta que o feminismo está associado diretamente à condição de ser e se perceber mulher na sociedade, como também profundamente conectado às relações comunitárias estabelecidas. Um entendimento comum sobre a atuação na perspectiva feminista é a importância do protagonismo das mulheres no fortalecimento dos territórios, a partir da luta pelo direito à moradia como uma dívida social.
Nenzinha Ferreira, articuladora de Fortaleza que acompanha a ação desde o 2021, destaca como o feminismo está no cotidiano dos territórios, uma vez que são as mulheres que estão à frente da maioria das famílias periféricas, sendo as provedoras e principais responsáveis pela garantia da subsistência.
“Às vezes essas mulheres não sabem o que é feminismo, não têm contato com conceitos teóricos e não se identificam como feministas. É nessa busca constante nas comunidades que nós conseguimos trabalhar esses conceitos e fazer com que elas entendam que, mesmo sem saber, são feministas, porque a vida levou elas para esse caminho, pela realidade em que estamos”, relata.
As iniciativas da Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais ocorrem numa parceria entre o Jubileu Sul Brasil, 6ª Semana Social Brasileira (SSB) e Central de Movimentos Populares (CMP), com apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program).
As ações também integram o processo de fortalecimento da Rede Jubileu Sul Brasil e das suas organizações membro e contam ainda com apoios da Cafod, DKA, e cofinanciamento da União Europeia.