Diante do crescimento das ocupações na Zona Portuária nos últimos dois anos, organizações realizam cartografia social para identificar desafios e possibilidades.
O Encontro das Ocupações do Centro, no último dia 28 de janeiro, no Rio de Janeiro (RJ), foi marcado pela apresentação da pesquisa que está sendo realizada pelo Observatório das Metrópoles e Central de Movimentos Populares sobre as ocupações que ficam na área central da cidade. A cartografia social deve revelar características importantes das ocupações e de suas populações.
“A cartografia social visa fazer um levantamento e caracterizar essas ocupações principalmente na Zona Portuária onde as ocupações cresceram muito nesses dois últimos anos, durante a pandemia de Covid-19”, destaca Gorete Gama, articuladora da ‘Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais’ e moradora da Quilombo da Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro.
“Essa cartográfica social dá continuidade também à pesquisa sobre cortiços que aconteceu em 2016, nela foram identificados mais de 150 cortiços aqui na área central do Rio. A iniciativa tem como objetivo dar visibilidade a essa forma de moradia que é extremamente precária e para essas famílias que tem o direito à moradia negado e sem outra alternativa ocupam os prédios, os imóveis vazios, para garantir um teto para si e para suas famílias”, complementa Gorete.
Segundo a articuladora a tarde de Encontro teve por objetivo dar voz a essas famílias, especialmente para as mulheres que são maioria, além de fortalecer a luta dessas mulheres, a organização e o protagonismo. “As mulheres estão comprometidas na luta por moradia, pelo direito à políticas públicas como saúde, educação, trabalho, assistência social, direitos que são negados para as todas as famílias que vivem em situações precarizadas, famílias de baixa renda e que estão no mercado informal de trabalho porque não conseguem emprego formal. São camelôs, ambulantes, cuidadoras, trabalhadoras domésticas, mulheres pretas, mães solo. Assim vive a maior parte da população nessas ocupações”, explica.
Outros encontros da mesma natureza seguirão sendo organizados nas ocupações. “A partir da Ação Mulheres por reparação das dívidas sociais, em parceria com o Observatório das Metrópoles e outros coletivos e parcerias locais realizamos rodas de conversa, momentos de formação popular, autocuidado porque são mulheres extremante vulneráveis, que precisam ser ouvidas, precisam ter seus corpos visibilizados e valorizados. O encontro culmina com esse conjunto de ações que estamos realizando no Quilombo da Gamboa, na Ocupação Vito Giannotti e contou com grande participação de moradores das ocupações Morar Feliz, Habib’s e outras da Região Portuária”, conclui Gorete.