Resultado de oficinas de criação de rádio online, a produção foi realizada coletivamente por participantes da formação promovida pela Intipachamama, membro do Jubileu Sul/Américas
Por Flaviana Serafim I Jubileu Sul Brasil
“A desgraça da dívida”: esse é o nome da radionovela lançada pela Rede Jubileu Sul/Américas. O primeiro capítulo (ouça no final do texto) aborda de forma simples o conceito de dívida que não é compreendido pela população, mostrando os impactos do sistema de endividamento que são sentidos e vividos no cotidiano das pessoas.
A produção é resultado de três oficinas virtuais de criação de rádio online, realizadas entre abril e maio pela Asociación Educación para el Desarrollo Intipachamama, membro da Rede, e foi gravada coletivamente pelos participantes do curso.
“O primeiro capítulo fala numa linguagem popular e acessível sobre a desgraça que a dívida representa em nossas vidas, uma dívida que é cada vez mais perversa, odiosa e que afeta os povos, sobretudo em seus territórios que vêm pagando por um endividamento que não é nosso. A dívida não é nossa, mas nós é que pagamos pela falta de políticas públicas, de saúde pública adequada e de escolas de qualidade”, explica Francisco Vladimir, articulador do Cone Sul e um dos participantes da formação, que reuniu pessoas de diversas organizações e países da América Latina e Caribe.
Ao longo dos três encontros, realizados nos dias 21, 28 de abril e 5 de maio, os facilitadores da oficina, Lesbia Loza e Yader Villanueva, abordaram os aspectos técnicos para criação de uma rádio online a partir de um computador em casa ou no trabalho. Mostraram os equipamentos necessários e sua utilização, além da produção de conteúdos, enfatizando formatos, diretrizes, exemplos de programas, o passo a passo da criação de uma radionovela e a transmissão online.
Voz às lutas comunitárias
Militante do Movimento dos Conselhos Populares (MCP) no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza (CE), Weyne Tiago da Silva foi painelista convidado do segundo encontro da oficina, compartilhando suas experiências de mais de uma década de rádio comunitária.
Aos participantes, Weyne contou que, depois que a rádio comunitária foi fechada – numa operação policial repressiva -, a alternativa foi a utilização de caixas de som circulando pelas comunidades para manter o diálogo com a população, posteriormente substituída pela gravação de programas curtos em áudio divulgados usando os aplicativos de mídia social.
“Achei muito importante ter participado da formação. Isso é muito bom para as comunidades das periferias de Fortaleza porque termos a comunicação no nível nacional e nas Américas, muito relevante sobretudo nesse momento em que a internet é um dos meios mais fortes mundialmente. É importante para poder divulgar nossas lutas, movimentos, anseios, reivindicações perante os governantes em todas as esferas de poder, mostrando que o povo luta, que anseia, que quer mudanças e dias melhores para nossa nação”, afirma Weyne.
Segundo o militante do MCP, é preciso dar continuidade à criação de rádios online, “principalmente espaços de radioweb que sejam usados pelas comunidades, pelos mais simples, levando seu jeito de ser, de lutar, de falar, de se expressar, de agir, de gritar, de clamar, enfim, de mostrar nossas vidas, dores e lutas. Devemos continuar com essas formações porque a comunicação é fundamental para nossas caminhadas e lutas”.
Para o articulador Francisco Vladimir, a radionovela e a criação das radioweb são relevantes para fortalecer as organizações membro das redes Jubileu Sul Brasil e Jubileu Sul/Américas, “além da comunicação popular, que vem das comunidades e com a linguagem dos territórios. Por isso, a comunicação popular é nossa prioridade e também dar visibilidade à voz de quem está nos territórios, para que seja ouvida a quem é de direito”.
Ouça o primeiro capítulo da radionovela (em espanhol):